quarta-feira, 17 de julho de 2013

CARTOGRAFIA

O primeiro mapa-múndi

Planisfério de Cantino, considerado o primeiro mapa-múndi a representar a superfície terrestre em seu conjunto, apresentando os dois hemisférios lado a lado. (foto: reprodução)


Quando e como foi feito o primeiro mapa-múndi?

Amanda Estela Guerra
O primeiro mapa-múndi de que se tem notícia foi feito na Babilônia entre os séculos 7 e 6 a.C. Inscrito em argila cozida, esse mapa associava conhecimentos adquiridos por meio da prática cotidiana dos babilônios, representando parte da baixa Babilônia (atual região do Iraque), com concepções filosóficas acerca do mundo, como as apresentadas por Homero.

Nesse período, a Terra era entendida como um disco plano rodeado por um rio de água salgada que ficava em constante movimento, chamado Oceanus.

O primeiro mapa-múndi de que se tem notícia foi feito na Babilônia entre os séculos 7 e 6 a.C.Atualmente, o conceito de mapa-múndi é o de um mapa que representa a superfície terrestre em seu conjunto, apresentando os dois hemisférios (ocidental e oriental) lado a lado.

O primeiro mapa-múndi feito de acordo com esse conceito é conhecido como Planisfério de Cantino. Elaborado em 1502 a mando de um espião italiano chamado Alberto Cantino, esse mapa foi o primeiro a representar o mundo conhecido de então, após a descoberta do continente americano.

Foram usadas as informações fornecidas pelos navegadores sobre o contorno dos continentes, coletadas com a ajuda de instrumentos como o astrolábio, que servia para determinar a latitude em alto-mar.

Além disso, o cartógrafo incluiu partes da Europa, Ásia e África, que já eram do conhecimento dos europeus na época.

Amanda Estela Guerra
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Revista Ciência Hoje

Muito além dos mapas tradicionais

Geógrafa defende que a cartografia adote novos padrões para confecção de mapas
Eliana Pegorim
O mapa acima traz uma anamorfose que representa uma projeção da população do mundo para o ano 2025, em que o tamanho de cada país é proporcional à população (fonte: Relatório Mundial sobre o Desenvolvimento Humano/1990)

A cartografia pode mostrar outros aspectos do espaço geográfico além das distâncias medidas em metros e quilômetros. É o que propõe a geógrafa Fernanda Padovesi Fonseca. Em sua tese de doutorado, defendida em setembro na Universidade de São Paulo, ela questiona a cartografia tradicional euclidiana como a linguagem ideal para representar a geografia.

"Entre os pesquisadores dessa área, a cartografia está naturalizada como linguagem exclusiva da geografia, mas ela não consegue representar o espaço de modo adequado da forma como é feita hoje", explica Fonseca. "Nos mapas atuais, as distâncias são representadas de modo absoluto e as diferenças sociais são esquecidas. Um condomínio fechado pode estar ao lado de uma favela em um mapa que só verifique a distância em quilômetros, mas as distâncias sociais são enormes", exemplifica.

A renovação da geografiaO movimento de renovação da geografia, iniciado na metade década de 1970, procura tornar a geografia uma ciência social. "O ponto de partida é considerar que o espaço produzido pelas sociedades contribui para o entendimento delas", explica Fonseca.

A idéia de renovar a geografia clássica tem grande força nos países anglo-saxões e na França. No Brasil, o principal defensor do movimento foi o geógrafo Milton Santos (1926-2001). Seus defensores queriam acabar com ambigüidade epistemológica da geografia, situada entre ciências naturais e humanas embora, na prática, tratasse as questões humanas como uma ciência da natureza.

"As ciências da natureza não oferecem elementos para analisarmos o complexo espaço geográfico, construído pelas ações e relações humanas", compara Fonseca. Além disso, os críticos da geografia clássica condenavam o excesso de descrição e a ausência de rigor científico, sobretudo na forma como ela era ensinada nas escolas.

Na opinião de Fonseca, é preciso pensar uma cartografia que represente o novo modo de entender o espaço geográfico defendido pelo movimento de renovação da geografia.

A pesquisadora destaca o exemplo das redes de transportes e comunicações, que mudaram a relação entre as pessoas e espaços. Cidades que linearmente podem ser mais distantes ficaram mais próximas devido à sua posição nessas redes. No entanto, a geografia ensinada na escola ainda se preocupa apenas em investigar e detalhar as paisagens de cada região. Para esse tipo de estudo, a cartografia atual satisfaz.

"Nos mapas-múndi, os oceanos estão em posição de destaque e ocupam muito mais espaço, mas as pessoas vivem nos continentes", diz Fonseca. "Outra base além dos tradicionais metros – da cartografia euclidiana – poderia permitir que, nesse caso, os continentes fossem representados de outra forma que mostrasse a importância relativa de cada um."

Uma nova maneira de representar essas mudanças – ainda pouco explorada no Brasil – é o uso de outros elementos para a confecção dos mapas, como dimensão da população e medidas temporais. Esses procedimentos são conhecidos como anamorfoses.

Embora essa discussão mobilize muitos teóricos da geografia, não se sabe quando ela modificará os mapas usados no dia-a-dia. Segundo Fonseca, ainda há muita resistência a uma nova cartografia entre os próprios geógrafos, o que tem atrasado o desenvolvimento teórico e prático da disciplina. "Além disso, os mapas geométricos estão tão consagrados que a criação de novos mapas concebidos em outras bases terá imensas dificuldades para ganhar espaço e visibilidade", prevê.

Eliana Pegorim
Revista Ciência Hoje

Anamorfose Geográfica

Anamorfose - Distribuição do número de habitantes entre os países
Anamorfose indicando o PIB dos países


Tipo de mapa temático em que as áreas dos países são mostradas proporcionais ao fenômeno representado. Os elementos representados não aparecem em escala cartográfica e não há fidelidade nas formas.

O mapa, esse desconhecido

Ensino da cartografia vive momento de transição, dificultado pela pouca renovação conceitual na formação docente

Rubem Barros

Alunos do Colégio Santo Américo: alfabetização cartográfica

No divertido e erudito livro em que faz a defesa da história como ciência e compara os métodos do historiador aos dos cientistas de outras áreas, o historiador americano John Lewis Gaddis, da Universidade de Yale, evoca o poder de síntese, a combinação "de economia e intensidade com que as imagens visuais podem expressar metáforas".

As imagens a que Gaddis faz referência logo no início de Paisagens da história - Como os historiadores mapeiam o passado (Editora Campus, 2003) permitem que o pesquisador exercite diferentes níveis de análise ao se aproximar ou se afastar de um objeto, tendo dele diferentes perspectivas que ajudam a enxergá-lo de forma mais rica e variada. E essas imagens e as metáforas delas decorrentes corresponderão sempre não à realidade propriamente, mas à sua representação.

Essa multiplicidade de pontos de vista mencionada por Gaddis - como, não por acaso, atesta o título do seu livro - é exatamente aquela traduzida pelos diferentes níveis de leitura pressupostos pela cartografia moderna, como sintetiza Andréa Zacharias, em texto dedicado às questões de "Comunicação cartográfica e representação gráfica das unidades de paisagem". O nível elementar, inventário de questões simples (onde, o quê, como etc.); o nível de conjunto, que corresponde a uma visão global, como uma paisagem vista de cima; e o médio, próprio para a percepção de "agrupamentos intermediários", marcando subdivisões ou regionalizações.

Ou seja, numa era de prevalência da imagem e das abordagens interdisciplinares, a linguagem cartográfica, elemento essencial para representar o espaço, deve ser um instrumento didático recorrente na educação das novas gerações, certo? Ao contrário. A cartografia tem sido subutilizada ou, muitas vezes, utilizada segundo padrões ainda ligados à geografia clássica. No momento em que os geógrafos recorrem cada vez mais a uma cartografia semiológica, parece haver um vácuo entre o que se pratica nas escolas e a metodologia que tem pautado a disciplina em seus estudos e práticas mais avançados.

Para entender o que acontece na escola, muitas redes públicas e colégios particulares têm investido na capacitação de docentes da Educação Básica, na oferta de novos materiais e na reformulação das licenciaturas. Foi o caso, por exemplo, da rede estadual paulista, que adota essa nova visão da cartografia no projeto "São Paulo faz escola", iniciado em 2009, além de ter ofertado cursos de formação aos coordenadores pedagógicos de suas 91 diretorias, depois da constatação de que os docentes da rede tinham dificuldade de trabalhar com mapas.

Segundo Sérgio Damiati, membro da equipe técnica de geografia da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (Cenp) da secretaria paulista, a proposta visava introduzir no ensino médio noções de cartografia temática (semiológica) e sistemática (conceitos sobre os princípios de construção do mapa). A secretaria espera aferir no final deste ano, quando o Saresp testará as habilidades dos alunos também em geografia, como anda a capacidade dos alunos para ler as informações cartográficas. Mas Damiati relata que houve bastante dificuldade dos alunos no entendimento de representações cartográficas com anamorfoses, ou seja, distorções da imagem em relação à tradicional ou conhecida, em função normalmente de um tema a ser representado. Quando o tema é a densidade populacional da Ásia, por exemplo, o Japão ganha área bem maior do que quando apenas a área do território é representada.

Métricas
"As anamorfoses só eram utilizadas no ensino superior. O aluno do ensino médio não está habituado à distorção, ela complica sua leitura do mapa, eles não conseguem localizar algumas informações que antes dominavam", diz Damiati sobre o que tem sido percebido no processo. A ênfase nesse tipo de representação é propositada para deixar claro que, qualquer que seja o mapa, ele deriva de escolhas sobre o que representar e como fazê-lo. E que o espaço geográfico comporta métricas diversas. "A métrica é um componente do mapa e não pode ser naturalizada. No discurso geográfico, essas outras dimensões não expressas pela métrica euclidiana são óbvias. Nos mapas, não", resume Fernanda Padovesi Fonseca, do departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.

Fernanda é coordenadora do grupo de pesquisa responsável pela análise e avaliação da presença da cartografia nas aulas do ensino médio da rede estadual. Em relatório deste ano sobre o uso dos mapas na implementação do "São Paulo faz escola", chegou-se à conclusão de que a semiologia gráfica está distante da geografia, "tanto no ensino desta linguagem quanto seu uso nos mapas dos materiais didáticos". Apesar de a pesquisa ter pouca abrangência - apenas quatro universitários foram a campo para observar as aulas do ensino médio - dá indícios de que, além da resistência dos professores aos materiais, há limitações derivadas da formação docente. Essas decorrem de uma visão ainda presa aos conceitos da geografia clássica, pois os professores mostram domínio "teórico-metodológico para tratar as questões de escala e projeção", mas patinam quando se trata de outras métricas e semiologia.

O que quer dizer que o mapa ainda resta como recurso de localização, memorização e ilustração para outras fontes de informação, sem que seja visto como um "polo consistente de discurso". "O mapa é um desconhecido de todas as classes sociais. Há um estranhamento grande do trabalho com ele. É preciso mostrar que o mapa pode revelar coisas que as outras linguagens não podem, pois ele tem uma linguagem instantânea, fácil de visualizar", diz Fernanda.



Alfabetização cartográfica
No âmbito escolar, há um movimento não só para superar o dilema "falta de uso/uso apenas para localização/memorização", como também para introduzir o conhecimento do paradigma semiológico. Apesar de as ideias de semiologia gráfica do francês Jacques Bertin terem aportado por aqui desde os anos 80, foi apenas nos últimos anos que ganhou corpo o conceito de alfabetização cartográfica, por meio de autores como Maria Elena Simielli, Sônia Castellari, Rosângela de Almeida e Helena Callai, entre outros que tiveram a preocupação de renovar os livros didáticos para a Educação Básica.

Para a efetivação desse processo, o desenvolvimento de algumas noções e conceitos passa a ser feito já no início do ensino fundamental, para dar ao aluno recursos que permitam que ele aproveite a carta em nova dimensão: "o mapa passa a ser um instrumento de análise das informações geográficas", diz Arno Goettens, supervisor de geografia do Colégio Santo Américo, escola particular de São Paulo.

Nessa perspectiva, o domínio cartográfico está associado principalmente à psicologia cognitiva de Jean Piaget, como sumariza Andréa Zacharias no texto citado, com um deslocamento do "produto da ação", para o "sujeito da ação". Ou seja, aqui a questão comunicacional não se resume, como numa visão funcionalista anterior (ligada à geografia clássica), aos polos transmissor e receptor da informação, mediados por um código. Os conhecimentos prévios do sujeito que busca a leitura do mapa poderão fazê-la maior que a própria mensagem, de acordo com sua capacidade de juntar informações e fazer inferências.

Para o professor Goettens, o perío­do é de transição nesta nova prática, o que demanda cuidados na hora de associar os conteúdos a determinados estágios cognitivos. No colégio em que trabalha, no entanto, as aulas de geografia ganharam nova dimensão há três anos, depois que a disciplina de estudos sociais foi dividida em geo­grafia e história já no fundamental 1. Assim, os alunos passaram a trabalhar com noções de cartografia a partir do 2º ano do fundamental, quando aprendem noções de lateralidade. No ano seguinte, passam a desenvolver a percepção de visão oblíqua, horizontal e vertical, e leitura e representação de paisagens; no 4º ano, ampliam os elementos para a leitura de paisagens e adicionam questões de proporção e escala, conceitos trabalhados nos planos nacional e regional no 5º ano. Esses ensinamentos constituem a base a ser aplicada no fundamental 2 e no ensino médio, com acréscimos tanto nos conteúdos quanto nas habilidades desenvolvidas.

Apesar de a identificação dos alunos menores não ser imediata com a cartografia, pois demanda que eles se instrumentem para fazer uma leitura mais rica dos mapas, os relatos dos professores dão conta de que as aulas de geografia tiveram boa aceitação. Ancorada nos mapas, a disciplina trouxe atividades lúdicas e interativas. "Essas práticas ajudam, inclusive, a identificar e resolver problemas e defasagens em outras disciplinas, como a dificuldade para trabalhar com proporção em matemática, ou com descrições em língua portuguesa", diz Goettens.

Essa dimensão prática trazida pela cartografia no colégio vem ao encontro daquilo que foi detectado como um fator positivo na análise feita pelo grupo de estudos da USP nas escolas públicas de ensino médio: quanto maior a participação direta dos alunos, como no caso dos exercícios de construção de mapas, maior a adesão deles à disciplina. Fato que anima os pesquisadores a propor aos docentes que façam com os estudantes desde a coleta e a sistematização de dados até a elaboração do fundo de mapa (derivado da escolha de métrica, escala e projeção). Ou seja, atividades que mostrem aos alunos a relação entre a experiência do olhar e a interpretação de uma realidade. Afinal, como diz John Lewis Gaddis, "os mapas têm em comum com os historiadores a tarefa de empacotar a experiência alheia".

Para saber mais
Paisagens da história - Como os historiadores mapeiam o passado, de John Lewis Gaddis, Editora Campus, 2003, trad. Marisa Rocha Motta

Cartografia escolar, de Rosângela Doin de Almeida (org.), Contexto, 2007

Cartografia no ensino fundamental e médio, de Carlos Afã (org.), Contexto, 2005

A representação gráfica das unidades de paisagem no zoneamento ambiental, de Andréa Zacharias, Unesp, 2010.

O que ensinar em Geografia

O ensino de Geografia do 1º ao 5º ano deve se apoiar em saídas de campo, leitura de textos de todos os gêneros e na produção e interpretação de mapas

Anderson Moço
CARTOGRAFIA Conhecer territórios e suas representações é um dos objetivos da análise de mapas

O homem do século 21 revê o seu relacionamento com o meio ambiente e estuda as consequências de sua interação desmedida com a natureza. As fronteiras políticas se alteram por acordos ou guerras. A globalização aproxima, ao mesmo tempo que coloca em conflito diferentes povos. Com tudo isso, a maneira de ensinar a ciência que estuda a Terra e suas transformações também se modifica. A Geografia tem passado por amplas tentativas de renovação para conseguir formar estudantes capazes de compreender as relações entre a sociedade e a natureza. Nessas idas e vindas, foram criados caminhos e, às vezes, também equívocos. Hoje existem três perspectivas de ensino que, segundo os especialistas, devem ser trabalhadas de forma complementar para que o espaço - principal objeto de estudo da disciplina - seja bem compreendido: a perspectiva tradicional, a crítica e a cultural.

Quando o foco da Geografia estava nas descrições físicas dos lugares, os estudos se concentravam em identificar os componentes da paisagem (tipos de vegetação, relevo e clima), o número de habitantes e o nome de cidades e rios importantes que banham a região. Essa abordagem, chamada de tradicional, era "a ciência dos lugares e não dos homens", na definição do francês Vidal de La Blache (1845-1918). "Acreditava-se que, se os alunos conhecessem as características físicas do território, desenvolveriam uma consciência de nação", conta Francisco Capoano Scarlato, do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo.

Na década de 1960, alguns geógrafos, em especial os franceses, passaram a defender que o estudo deveria se posicionar criticamente frente à realidade e à ordem constituída - e o geógrafo ser um agente de transformação social. Assim, a disciplina se aproximou das ciências políticas. "Era a corrente crítica se opondo à tradicional. As principais características dessa concepção eram estudar o homem interagindo sobre o meio e conceber as relações sociais e de trabalho como decisivas na transformação do território", explica Marcos Bernardino de Carvalho, coordenador da pós-graduação em Geografia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Nela, cabe ao professor mostrar os problemas sociais e, ao mesmo tempo, despertar nos alunos a consciência sobre seu papel como cidadãos ativos na resolução dos problemas locais e gerais.
Uma das respostas a essa questão veio de pesquisadores que se debruçaram sobre o estudo da Geografia cultural - corrente criada na Alemanha no fim do século 19. Ela defende um relacionamento mais próximo com ciências como História, Antropologia, Sociologia, Filosofia e Psicologia, tendo foco na cultura e nas representações que o homem faz de si, dos outros e do espaço. "O valor que as pessoas atribuem à mata próxima da casa, ao shopping onde fazem compras ou às praças é levado em conta para retratar a realidade", explica Roberto Lobato Correa, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Muitos educadores acharam que a análise da relação do homem com seu meio aprofundaria o conhecimento sobre os territórios. A capacidade dos alunos de compreender o mundo e dar significado ao que se aprende na disciplina, aproximando o conhecimento escolar das próprias vidas, também seria facilitada. Afinal, no mundo globalizado são a cultura e as manifestações locais que garantem a noção de pertencimento a um lugar.

Uma das respostas a essa questão veio de pesquisadores que se debruçaram sobre o estudo da Geografia cultural - corrente criada na Alemanha no fim do século 19. Ela defende um relacionamento mais próximo com ciências como História, Antropologia, Sociologia, Filosofia e Psicologia, tendo foco na cultura e nas representações que o homem faz de si, dos outros e do espaço. "O valor que as pessoas atribuem à mata próxima da casa, ao shopping onde fazem compras ou às praças é levado em conta para retratar a realidade", explica Roberto Lobato Correa, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Muitos educadores acharam que a análise da relação do homem com seu meio aprofundaria o conhecimento sobre os territórios. A capacidade dos alunos de compreender o mundo e dar significado ao que se aprende na disciplina, aproximando o conhecimento escolar das próprias vidas, também seria facilitada. Afinal, no mundo globalizado são a cultura e as manifestações locais que garantem a noção de pertencimento a um lugar.
Revista Nova Escola

Geografia da Mafalda





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