sexta-feira, 19 de julho de 2013

IMAGENS DO UNIVERSO

Andrômeda



Os redemoinhos  de poeira  enchendo a galáxia de Andrômeda,  destaca-se o  colorida nesta nova imagem do Observatório Espacial Herschel, uma missão da Agência Espacial Europeia, com a participação da NASA

O desbravador do universo

Mais de meio milhão de imagens feitas pelo telescópio espacial Hubble,
cujo lançamento completa vinte anos, ajudaram a encontrar respostas
para algumas das mais intrigantes questões da ciência: a data em que
ocorreu o Big Bang, como nasceram as galáxias e os buracos negros.
Até nos permitiram estimar quando será o fim do mundo


Alexandre Salvador


Fotos NASA

Espetáculo do cosmoA galáxia M51 foi observada pela primeira vez pelo astrônomo francês Charles Messier, em 1773,
e pode ser vista da Terra por telescópios amadores. A imagem feita pelo Hubble, porém, é inédita
por revelar um esplendor de detalhes como nunca fora visto antes. Conhecida popularmente
como galáxia do redemoinho, ela está localizada a 31 milhões de anos-luz da Terra
(1 ano-luz significa 9,5 trilhões de quilômetros), em uma pequena constelação chamada Canes Venatici

Desde tempos imemoriais, o homem olha o céu e as estrelas com um misto de medo e fascínio. Nos últimos 400 anos, sinalizado pelo momento em que Galileu Galilei usou seu telescópio para estudar o que não podia ser visto a olho nu, o ritmo das descobertas astronômicas tornou-se frenético. As últimas duas décadas, em especial, compõem a idade de ouro da investigação cósmica – e o responsável por isso é, em boa parte, o telescópio espacial Hubble. Em órbita a 570 quilômetros acima da Terra, o Hubble permitiu pela primeira vez um olhar cristalino do espaço-tempo. Os telescópios instalados na superfície têm a observação prejudicada pela atmosfera, que distorce as imagens e bloqueia parte do espectro visual, como as radiações ultravioleta e infravermelhas. "Antes do Hubble, era como se os astrônomos tentassem olhar o céu do fundo de uma piscina olímpica", disse a VEJA o americano Nolan Walborn, do Instituto Científico de Telescópios Espaciais, em Baltimore.

O Hubble foi colocado em órbita pelo ônibus espacial Discovery, em abril de 1990, e não funcionou muito bem nos primeiros anos. Um erro crasso de fabricação em um de seus espelhos, que distorcia as imagens, impediu sua utilização correta até 1995. Esse e outros problemas foram corrigidos por uma série de visitas de astronautas. Praticamente todas as partes, exceto o espelho principal, foram trocadas. O resultado é que o Hubble é hoje 100 vezes mais potente do que no dia de seu lançamento. Desde 1995, o telescópio já captou mais de meio milhão de imagens de deslumbrante beleza – e cada uma delas ajudou a entender melhor a origem e a evolução do universo.

Devido ao tempo que a luz leva para chegar às proximidades da Terra, quanto mais distante o Hubble enxerga, mais ele está olhando para o passado. Em 2009, os astrônomos o usaram para registrar as imagens mais distantes já feitas, mostrando a formação de galáxias quando o universo era um jovem de apenas 600 milhões de anos. É quase o limite das possibilidades da investigação humana. Nos primórdios, a densidade do cosmo era tão elevada que, a exemplo dos atuais buracos negros, não deixava escapar luz alguma. Esse período, chamado de Idade das Trevas, constitui a barreira que nos impede de ver o próprio Big Bang, a expansão súbita de energias que deu origem ao universo.

Para a maioria das pessoas, o Hubble é conhecido principalmente por suas deslumbrantes imagens de nuvens de estrelas, poeira cósmica e choques de galáxias. Sua contribuição à ciência e ao conhecimento do universo é, evidentemente, muito mais ampla. Aqui estão alguns desses avanços científicos:

• Permitiu calcular a idade do universo em 13,7 bilhões de anos.

• Tornou possível a confirmação da existência de buracos negros no centro das galáxias.

• Registrou pela primeira vez a presença de atmosfera em um planeta fora do sistema solar.

• Mostrou que o universo está em expansão e em velocidade maiores do que se supunha.

A respeito desse último item, é curioso o fato de que, no lançamento do Hubble, a expectativa dos astrônomos era precisamente comprovar a desaceleração desse processo. O telescópio espacial mostrou que, ao contrário, quanto mais distantes estão as estrelas, mais rápido elas viajam. O que estaria causando a aceleração da expansão do universo é o tema que intriga os cientistas. A teoria mais aceita é a existência de uma força que se convencionou chamar de energia escura, de origem e magnitude ainda desconhecidas. "Além de recente, essa descoberta foi totalmente inesperada. A energia escura mudou o conceito de evolução do universo que tínhamos até pouco tempo atrás", disse a VEJA Roberto Dias da Costa, do Instituto de Astronomia da Universidade de São Paulo.

A que ponto chegará essa expansão? Ninguém sabe. Muitos cientistas acreditam que, quando o universo atingir o ponto máximo de expansão e não existir mais força para contrabalançar a gravidade, como hoje faz a energia escura, toda a matéria e toda a energia começarão a se contrair até se comprimir num único ponto infinitamente denso, a singularidade. Seria o Big Crunch, o contrário do Big Bang. Quando isso ocorreria? Não antes de 20 bilhões de anos.

A aposentadoria do Hubble já foi anunciada várias vezes. Em todas as ocasiões, o telescópio pôde continuar a operar devido aos consertos feitos por astronautas. Foram cinco missões de reparo e atualizações. A última delas, realizada no ano passado por uma equipe de sete astronautas a bordo do ônibus espacial Atlantis, foi filmada em 3D e agora está sendo exibida em cinemas Imax nos Estados Unidos, com narração de Leonardo DiCaprio. Desta vez, os dias do velho Hubble, com seus remendos e tecnologia ultrapassada, estão realmente contados. Deve deixar de funcionar em 2014, quando seu sucessor, o Telescópio Espacial James Webb, começar a operar a 1,5 milhão de quilômetros da Terra.

Arte no universoAs "pinturas" captadas pelo Hubble: o hidrogênio liberado pela nebulosa Carina (à esq.) forma uma imensa nuvem de poeira que se assemelha a uma explosão. A luz da estrela V838 Monocerotis (no centro) é tão intensa que ilumina a poeira que a circunda. Na nebulosa NGC 6302 (à dir.), os gases liberados na morte de uma estrela lembram a forma de uma borboleta
5 de maio de 2010
Revista Veja
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Conheça alguns dos principais avanços científicos do projeto Apollo que foram reaproveitados no cotidiano e na indústria.



Jornal o Estadão

Espaço - A próxima geração

Em 1957, a União Soviética lançou o Sputnik, cápsula do tamanho de uma bola de basquete e primeiro satélite artificial da Terra. Os sinais de rádio do Sputnik soavam como “provocação”, desabafou um cientista americano. No ano seguinte, os EUA criaram a Nasa, iniciando a corrida espacial.
Foto de Mark Thiessen; modelo cortesia da NASA/National Space Science Data Center

O Robonaut, um assistente a robotizado dos astronautas da missão lunar Constellation, é capaz de brandir grandes cortadores de pinos e manipular a menor das pinças. Em sua posição de centauro (acima), o Robonaut pode ser acoplado a uma base de quatro rodas. Equipado com câmeras para ter visão em estéreo, pode ser operado por meio de controle remoto com intervalo de apenas cinco a dez segundos.
Foto de Mark Thiessen

Designado para agüentar temperaturas de -151°C a 115°C, a roupa espacial Mark III passa por testes na quadra lunar do centro espacial Johnson. Com seu sistema de sobrevivência acoplado, a roupa é pesada, com 136 quilos. Mas o peso não incomoda com a baixa gravidade, e os astronautas podem pular e plantar bananeira como se estivessem embaixo da água.
Foto de Mark Thiessen


Dois integrantes do Desert RATS (Research and Technology Studies – Estudos de Pesquisa e Tecnologia) da NASA deslocam-se pelo deserto do Arizona para testar um veículo de transporte de superfície. O trajeto foi escolhido para imitar o terreno da lua e de Marte, No entanto, há discussão a respeito de se os seres humanos devem mesmo viajar para outros planetas.
Foto: NASA

Durante teste no Sandia National Labs, no Novo México, cerca de 5 mil espelhos concentram a luz solar num intenso raio que vaporiza a superfície de escudos ablativos de calor na capa externa de uma espaçonave. Esses painéis, ou escudos, são concebidos de forma a perder massa na reentrada do veículo na atmosfera terrestre, protegendo-o de um ambiente mais quente que a superfície do Sol.
Foto de Mark Thiessen

Cinturões de nuvens espiralados – compostos de amônia, sulfido de hidrogênio e água – encobrem Júpiter neste mosaico criado com 27 imagens tiradas pela sonda Cassini. Lançada em 1997, a Cassini passou por Vênus, Terra e Júpiter de modo a ganhar velocidade e disparar para seu último destino: Saturno.
Foto: NASA/JPL/Space Science Institute

No dia 31 de julho de 2001, fazia dois meses que Marte era acometido por tempestades de poeira. Com centros múltiplos, esta tempestade gigantesca encobriu quase todo o planeta: chegou até a mascarar a brancura do círculo polar.
Foto: NASA/JPL/Malin Space Science Systems

As câmeras com lentes grande-angulares da sonda Mars Global Surveyor capturaram o início de uma série de tempestades de poeira em Marte. Em junho de 2001, o ar frio da calota polar meridional se deslocou para o norte, indo ao encontro dos ventos equatoriais quentes, e deu origem às primeiras tempestades.
Foto: NASA/JPL/Malin Space Science Systems

Distante 11 milhões de quilômetros, a Voyager I transmitiu a primeira imagem da Terra e da Lua juntas em 1977. Depois, partiu para o espaço profundo, em uma jornada de 30 anos ainda em curso. Sondas não-tripuladas como ela coletam informações sobre as galáxias a um custo baixo se comparado ao do programa espacial tripulado.
Foto: NASA/JPL-California Institute of Technology


Uma imagem computadorizada, criada por Lockheed Martin, mostra a cápsula espacial shows Orion carregando provisões para a Estação Espacial Internacional. O Orion, o veículo designado para a missão Constellation, foi descrito por Michael D. Griffin, administrador da NASA, como “o Apollo com esteróides”. O Orion vai carregar uma tripulação de seis integrantes para a estação espacial e, posteriormente, um grupo de quatro pessoas até a lua.
Imagem: Lockheed Martin Corp


No início dos anos 1950, um posto avançado no espaço em formato de roda não passava de sonho artístico. Hoje, o sonho do ilustrador Chesley Bonestell está quase completo.
Arte de Chesley Bonestell


Em 1984, Bruce McCandles II tornou-se a primeira pessoa a flutuar à solta no espaço. O passeio propulsionado a jato, próximo do ônibus espacial Challenger, foi um marco na jornada rumo ao cosmo – uma aventura que completa 50 anos neste mês.
Foto: NASA

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