sexta-feira, 19 de julho de 2013

EFEITO ESTUFA


Obama lança plano de combate às mudanças climáticas
Presidente propôs ações em três frentes: reduzir as emissões de gases de efeito estufa para produção de energia; preparar os EUA para mudanças futuras e liderar esforços internacionais

Das agências internacionais

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, propôs nesta terça-feira, 25, uma série de medidas para combater as mudanças climáticas. Em discurso na Universidade Georgetown, ele propôs ações em três frentes: reduzir as emissões de gases de efeito estufa da produção de energia; preparar o país para as mudanças que vão ocorrer e liderar os esforços internacionais para que o mundo encontre uma forma de lidar com a questão. 

Na semana passada, em Berlim, dando pistas do que estava por vir, Obama afirmou que as mudanças climáticas são a “ameaça global do nosso tempo” e prometeu ações para evitá-la.

Hoje destacou a "obrigação moral" que sente em iniciar a implementação de políticas avançadas que possam conter as emissões de gases de efeito estufa nos Estados Unidos e no exterior, na falta da uma legislação vinda do Congresso.

Mesmo sem citar metas numéricas, anunciou a adoção de padrões mais rígidos para usinas de energia novas e antigas. O projeto também inclui mais apoio federal para desenvolvimento e eficiência energética de combustíveis fósseis, além do rompimento de barreiras comerciais para produtos de energia limpa e impulsionar a cooperação bilateral climática com grandes economias como a China, Índia e Brasil.

Também ordenou que a Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) "estabeleça padrões de poluição por carbono tanto para usinas de energia novas quanto para as já existentes", em conjunto com os Estados, a indústria de energia e outras partes interessadas.
Jornal O Estado de S. Paulo

Parlamento Europeu muda regras do comércio de emissões
A União Europeia aprovou uma reforma do comércio de emissões de CO2, na tentativa de conter a queda de preços das licenças para emissão de poluentes e assim recuperar o estímulo político à proteção do clima.

O princípio do comércio europeu de emissões é simples: quem emite dióxido de carbono (CO2), seja uma operadora de usina termelétrica, uma indústria ou uma empresa aérea, tem de pagar para tal, por meio da compra de certificados de emissão.

Se o preço é alto o suficiente, a economia possui então um incentivo para a proteção climática. E quem opera de maneira bastante ecológica, pode até mesmo vender certificados àqueles que são menos exemplares.

Assim esperava-se transformar a política climática numa questão de impiedoso cálculo econômico, alcançando o efeito desejado através das regras do mercado. Mas há muito o problema é que os preços dos papéis são muito baixos. Se inicialmente a Comissão Europeia calculava cerca de 30 euros por tonelada de CO2, já há vários meses o preço está por volta dos 5 euros ou menos.

A esse nível, a inovação ecológica deixa de valer a pena para muita gente. Por isso, as usinas termelétricas a carvão mineral, tão prejudiciais ao clima, voltaram a ser imbativelmente rentáveis.


A razão para a queda de preços é a crise econômica e a distribuição gratuita de direitos de emissão de gases do efeito estufa para numerosas empresas com consumo energético especialmente elevado. Por esse motivo a Comissão sugerira diminuir artificialmente o número de certificados, aumentando assim o preço das licenças.

Mas representantes da economia advertiram contra uma sobrecarga da indústria, contra a migração e o fechamento de fábricas - bons argumentos, em tempos de desemprego elevado. E a proposta da Comissão foi rejeitada na primeira votação no Parlamento em abril último, devido à maioria conservadora e liberal.

Mas então a proposta foi atenuada e, nesta quarta-feira (03/07), aprovada pelo Parlamento Europeu. Ela prevê que 900 milhões de certificados sejam retirados temporariamente de circulação, só retornando ao mercado a partir de 2019 e 2020.

O acordo aprovado nesta quarta-feira tenta conciliar a parte política com o lado ambiental da disputa, restaurando o incentivo a um comportamento ecológico sem sobrecarregar excessivamente a economia. As reações foram bastante diversas.

O eurodeputado social-democrata Matthias Groote, que serviu de intermediador entre as bancadas, mostrou-se satisfeito. "O Parlamento Europeu salvou o comércio de emissões da extinção", disse o parlamentar. Rebecca Harms, líder da bancada verde, saudou o acordo, em princípio, mas pediu que o excesso de licenças não fosse retirado temporariamente do mercado, mas sim definitivamente. "Somente assim o comércio de emissões poderá criar estímulos de investimento para um desenvolvimento industrial limpo e sustentável."

Por outro lado, Herbert Reul, presidente da bancada conservadora-liberal no Parlamento Europeu e membro da Comissão Parlamentar da Indústria, considerou supérflua a recente votação, pois as metas climáticas da União Europeia seriam atingidas com ou sem a intervenção.

Além disso, intervenções no mercado seriam algo negativo: "Quando se interfere externamente no comércio de emissões, destrói-se justamente aquilo de que esse mercado realmente precisa: confiança e confiabilidade". Segundo Reul, a crise econômica também mostra que "precisamos de qualquer modo da indústria", ou seja a: proteção da indústria europeia tem absoluta prioridade.

INOVAÇÃO VERDE

Contudo também há vozes contrárias na bancada de Reul. Uma das mais proeminentes é o porta-voz de política ambiental Peter Liese. Ele não considera preços baixos somente um desestímulo ao comportamento ambiental: eles também representam para os Estados uma receita baixa com os certificados, redundando na falta verbas para programas nacionais de proteção climática.

O apoio para o encarecimento artificial dos títulos também partiu de uma fonte inesperada: algumas grandes empresas europeias de energia, como a Shell, Eon e EDF, veem suas inovações na Europa em perigo, afirmou o eurodeputado holandês do Partido Verde Bas Eickout.

"Elas veem que, no momento, as usinas a carvão são a forma mais barata de aquisição energética" e, por isso, estariam apoiando a intervenção. Por exemplo, a Eon possui um grande número de usinas elétricas a gás que, devido ao atual boom do carvão, quase não são rentáveis.

ESTADOS-MEMBROS

Após o Parlamento Europeu ter aprovado a reforma, cabe aos Estados-membros ratificá-la, e é difícil prever como irão tratar o acordo. Pois s diferentes países da União Europeia apresentam graus de motivação bem diversos, no que tange à proteção climática.

O espectro abarca desde países como a Dinamarca, que aposta inteiramente nas energias renováveis, até a Polônia, que quer proteger suas muitas usinas a carvão. Apesar das diferenças, a comissária europeia de Proteção Climática, Connie Hedegaard, espera por um consenso no mais alto nível da política ambiental.

Para ela, o comércio de emissões, como importante instrumento da política de proteção climática europeia, é um projeto de prestígio absoluto da UE, que desperta interesse e é imitado no mundo todo. Se o comércio de emissões perder o seu poder motivador, diz Hedegaard, então acabou-se a sua credibilidade.
Folha de S. Paulo

Emissão de gases-estufa no Brasil cai 38,4% em cinco anos

Puxado pela queda significativa no desmatamento na região amazônica, o Brasil conseguiu reduzir em 38,4% a emissão de gases do efeito estufa entre 2005 e 2010, segundo estimativa divulgada nesta quarta-feira (5) pelo governo federal.

Os números são imprecisos, pela dificuldade natural de medição, em escala nacional, da quantidade de gases emitidos por indústrias e pelo setor agropecuário, por exemplo.

Por isso, oficialmente o governo nem chama os dados de "índice", mas de "estimativa". A margem de erro pode chegar a 15%, dependendo do tipo de fonte emissora dos gases do efeito estufa.

Os últimos dados do tipo, divulgados pelo governo, eram de 2005. Em 2009, o Brasil assumiu o compromisso voluntário de reduzir, até 2020, em até 38,9% o projetado para aquele ano em relação à emissão de gases causadores do efeito estufa.

Apesar do estado "muito avançado" do Brasil, como definiu o secretário de Políticas e Programas de Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia, Carlos Nobre, os números indicam que as reduções se limitaram ao universo das florestas.

Nas emissões geradas pela queima de combústiveis fósseis e pela indústria do petróleo e gás natural, por exemplo, houve um aumento de 21,4% na quantidade de gases na atmosfera - dobrando sua participação no total de emissões brasileiras.

Na agropecuária, setor que vem puxando pra cima o PIB brasileiro, houve aumento de 5,2% --índice quase igual aos 5,3% de outros setores industriais, como siderurgia e mineração.

O governo, no entanto, afirma que, apesar dos aumentos, eles cresceram menos do que vinha sendo projetado.

DESMATAMENTO

Mais cedo, a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) confirmou indicação dada em novembro, de que o desmatamento na Amazônia, em 2012, foi o menor desde que o governo começou a medi-lo.

O dado consolidado, medido pelo sistema Prodes, com satélites de alta resolução, aponta um desmatamento de 4.571 km² (equivalente a três cidades de São Paulo).

No ano anterior, o índice era de 6.418 km² --uma redução de 28,8%.
Folha de S. Paulo

Temperatura média do planeta subiu mais nos últimos 150 anos


Temperatura média do planeta subiu mais nos últimos 150 anos, indica estudo
Objetivo da pesquisa é dar uma visão global das temperaturas da Terra nos últimos 11.300 anos

Renato Martins - Agência Estado

Uma nova pesquisa indica que a temperatura média do planeta esteve mais alta na última década do que na maior parte dos 11.300 anos anteriores. O estudo, publicado nesta quinta-feira pela revista Science, oferece um contexto de longo prazo para as discussões sobre aquecimento global.

A pesquisa tem o objetivo de dar uma visão global das temperaturas da Terra nos últimos 11.300 anos - um período relativamente ameno, conhecido como Holoceno, que começou ao fim da última era glacial e cobre toda a civilização humana. O estudo mostra que uma variação de 1 grau na temperatura média do planeta, que demorou 11 mil anos para acontecer, foi replicada nos últimos 150 anos, desde o começo da Revolução Industrial.

Dentro desse cenário, a década entre 2000 e 2009 foi uma das mais quentes desde que esses dados começaram a ser coletados, mas as temperaturas médias não romperam os níveis do início do Holoceno. De acordo com a pesquisa, agora elas estão para chegar a esses níveis. E, se os cientistas estão certos, o planeta estará mais quente em 2100 do que nos últimos 11.300 anos.

O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual de Oregon e da Universidade Harvard e financiado pela Fundação Nacional de Ciências dos EUA. Ele também tenta responder a uma questão crucial: o salto na temperatura planetária registrado nos últimos 150 anos pode ser explicado por variações naturais de longo prazo ou são resultado das emissões de gases causadores do efeito estufa feitas por atividade humana?

Os pesquisadores concluíram que a causa é a atividade humana, por causa do caráter repentino da mudança de temperatura, que parece destoar da tendência de longo prazo. "O que é diferente é o ritmo da mudança. O que vimos nos últimos 150 anos é muito maior do que vimos nos últimos 11 mil anos", disse o líder da equipe de pesquisa, o paleoclimatologista Shaun Marcott, da Universidade Estadual de Oregon.

Estimativa

O trabalho de estimar o clima antigo da Terra se apoia em medições indiretas, tomadas a partir de fósseis marinhos ou de amostras de gelo, que oferecem um registro físico das temperaturas. Por exemplo, cientistas fazem organismos marinhos crescer a temperaturas variáveis e vinculam mudanças na "assinatura química" de suas conchas a diferentes temperaturas da água. Esses dados, por sua vez, são usados para estudar fósseis marinhos. Para confirmar uma descoberta, os pesquisadores verificam se os registros de temperaturas obtidas a partir de uma fonte, como a dos fósseis marinhos, estão de acordo com os dados obtidos de outras fontes, como o gelo escavado a diferentes profundidades.

A maioria dos cientistas acredita que as emissões de gases causadores do chamado efeito estufa, como o dióxido de carbono, é responsável pela elevação da temperatura da Terra. Outros discordam. O debate é importante porque orienta a formulação de políticas energéticas pelos governos e a regulamentação da atividade de várias indústrias.

As projeções baseadas na pesquisa indicam que a temperatura da atmosfera terrestre poderá subir de 2 graus a 5 graus Celsius até o ano 2100. "O relatório é conclusivo ao mostrar que a Terra está se aquecendo. Em 2100, ela estará bastante mais quente do que há 11 mil anos", disse David Anderson, que dirige o programa de paleoclimatologia da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA), e que não esteve envolvido com a pesquisa. As informações são da Dow Jones.
Jornal O Estado de S. Paulo

Como ocorre o aquecimento global?


Gases causadores do efeito estufa são capazes de regular a quantidade de radiação que entra e a que sai da Terra
O planeta está em um processo de aquecimento muito acelerado. Isto por causa da alta concentração de gases do efeito estufa – dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) – que são provenientes da indústria, automóveis e da queimada de florestas. A Terra absorve a energia do Sol, e também irradia energia de volta para o espaço. No entanto, grande parte desta energia vai para o espaço é absorvida pelos gases causadores do efeito estufa.. Como resultado do aumento da emissão destes gases, o planeta está aquecendo. As temperaturas médias globais são as maiores nos dois últimos séculos, aumentando cerca de 0,74°C nos últimos 100 anos. Segundo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), de 2007, poderá ocorrer o acréscimo médio de 2°C a 5,8°C na temperatura do planeta.
ultimosegundo.ig.com.br
Estudo diz que aquecimento global gera mais bancos de gelo na Antártida 
Alteração de padrão é resultado do efeito da água que derrete do gelo durante o verão e que volta a se congelar rapidamente quando a temperatura cai novamente
Getty Images 
Bancos de gelo em volta da Antártica aumentam apesar do clima global esquentar

O aquecimento global está aumentando a área de bancos de gelo em volta da Antártida durante o inverno. A mudança é resultado do efeito da água que derrete do gelo durante o verão e que volta a se congelar rapidamente quando a temperatura cai. A conclusão é de um estudo divulgado neste domingo (31).

Um derretimento de gelo crescente nos limites da Antártida durante o verão, associado com menos nevascas do que o esperado no continente, está aumentando levemente o nível do mar, diz o estudo.

Cientistas têm se esforçado para explicar porque, por exemplo, os bancos de gelo em volta da Antártica alcançaram uma extensão recorde no inverno de 2010, quando o gelo no Oceano Ártico, no outro limite do planeta, diminuiu e chegou a uma baixa recorde em 2012.

"Os bancos de gelo em volta da Antártica aumentam apesar do clima global esquentar", disse Richard Bintanja, do holandês Instituto Real Meteorológico, líder do estudo. "Isso é causado pelo derretimento das camadas de gelo, afirmou sobre os resultados da pesquisa, publicados no jornal Nature Geoscience .

Quando o gelo da costa da Antártida derrete no verão por causa do aumento da temperatura do mar, a água produzida flutua sobre a mais densa e quente água salgada. No inverno, a água do derretimento do gelo sobre o mar volta a se congelar.

No pico do inverno, o gelo sobre o mar em volta da Antártida cobre uma área de cerca de 19 milhões de quilômetros quadrados, maior do que a extensão terrestre do continente. À medida que o verão se aproxima, ele derrete no oceano.

Ventos
Paul Holland, da organização britânica British Antarctic Survey, defende as conclusões da sua pesquisa feita no ano passado.

Segundo o estudo, uma mudança nos ventos, relacionada às transformações no clima, está levando para mais distante a camada de água derretida sobre mar e aumentando o volume de gelo no inverno.

"A possibilidade é que o aumento real se deve ao vento e aos efeitos da água derretida. Essa seria a minha hipótese, com o efeito da água derretida sendo o menor entre os dois", afirmou ele.

O estudo de Bintanja também afirma que a camada mais fria de água sobre o mar pode limitar a quantidade de água que sai do oceano e volta como neve sobre a Antártida, já que o ar mais frio é menos úmido.
ultimosegundo.ig.com.br
DA REUTERS 
As geleiras canadenses, terceiro maior depósito de gelo depois da Antártida e da Groenlândia, podem estar sofrendo um derretimento sem volta que deve aumentar o nível do mar, afirmaram cientistas nesta quinta (7).

Cerca de 20% das geleiras no norte do Canadá podem desaparecer até o fim do século 21, num derretimento que pode acrescentar 3,5 cm aos nível do mar.
Reuters

Geleira canadense fotografada por avião da Nasa em 2011


"Acreditamos que a perda de gelo é irreversível no futuro próximo", escrevem os pesquisadores na revista "Geophysical Research Letters"

A tendência parece irreversível, dizem os autores, liderados por Jan Lenaerts, da Universidade de Utrecht, porque o derretimento de geleiras brancas exporia a tundra escura que tende a absorver mais calor e acelerar o derretimento.

O painel do clima da ONU estima um aumento do nível do mar entre 18 cm e 59 cm neste século, ou mais se a cobertura de gelo da Antártida e da Groenlândia começarem a derreter mais rápido.

A projeção de perda de 20% do volume de gelo no Canadá se baseou em um cenário com aumento de temperatura médio de 3ºC neste século e de 8ºC no Ártico canadense, dentro das previsões da ONU. 
Folha de São Paulo

Terra se aproxima de maiores temperaturas em 11 mil anos

 
SALVADOR NOGUEIRA

Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual do Oregon e da Universidade Harvard, ambas nos EUA, reconstruiu a temperatura média da Terra nos últimos 11,3 mil anos para compará-la aos níveis atuais.

A boa notícia: a Terra hoje está mais fria do que já esteve em sua época mais quente desse período. A má: se os modelos dos climatologistas estiverem certos, atingiremos um novo recorde de calor até o final do século.

O trabalho, publicado na revista "Science", reuniu dados de 73 localidades ao redor do mundo para estimar a temperatura global (e local) no período geológico conhecido como Holoceno, que começou ao final da última era do gelo, há 11 mil anos.

Depois de consolidar todas as informações, em sua maioria provenientes de amostras de fósseis em sedimentos oceânicos, num único quadro --além de usar técnicas matemáticas para preencher os "buracos" encontrados nas diversas fontes usadas para estimar a temperatura no passado--, os cientistas puderam recriar uma "pequena história da variação climática da Terra".

Diz-se pequena porque os resultados não permitem enxergar a variação ocorrida em uns poucos anos. É como se cada ponto nos dados representasse a temperatura em um período de 120 anos.

Editoria de arte/Folhapress




A HISTÓRIA 


Os dados confirmam uma velha desconfiança dos cientistas: a de que a Terra passou por um período de aquecimento que começou cerca de 11 mil anos atrás. Em 1,5 mil anos, o planeta esquentou cerca de 0,6ºC e assim se estabilizou, durante cerca de 5.000 anos.

Então, 5,5 mil anos atrás, começou um novo processo de esfriamento --que terminou há 200 anos, com o que ficou conhecido como a "pequena era do gelo". O planeta ficou 0,7ºC mais frio.

Entram em cena a industrialização acelerada e o século 20. O planeta volta a se esquentar. No momento, ele ainda não bateu o recorde de temperatura visto no início do Holoceno, mas já está mais quente que em 75% dos últimos 11 mil anos.

Assim, o estudo confirma que a temperatura da Terra está subindo em tempos recentes e mostra que a subida é muito mais rápida do que se pensava.

"Essa pesquisa mostra que já experimentamos quase a mesma faixa de mudança de temperatura desde o início da Revolução Industrial que foi vista nos 11 mil anos anteriores da história da Terra --mas essa mudança aconteceu muito mais depressa", comenta Candace Major, diretor da divisão de Ciências Oceanográficas da Fundação Nacional de Ciência dos EUA, que financiou o estudo.

Por outro lado, a baixa resolução temporal do estudo (é impossível distinguir efeitos de poucos anos) dificulta a comparação com o atual fenômeno de aquecimento.

Para a mudança climática atual se tornar relevante na escala de tempo analisada pelo modelo de reconstrução dos últimos 11 mil anos, ela precisa continuar no próximo século. Segundo os modelos do IPCC (Painel Intergovernamental para Mudança Climática), da ONU, é isso que vai acontecer.

Contudo, ainda há incertezas sobre a magnitude do fenômeno. De toda forma, mesmo pelas estimativas mais otimistas, quando chegarmos a 2100, se nada for feito, provavelmente estaremos vivendo o período mais quente dos últimos 11 mil anos. 
Jornal Folha de S. Paulo

Temperatura pode subir 4,8ºC, diz relatório do IPCC

Segundo o documento, o principal culpado pela elevação da temperatura terrestre é o homem
 Débora Spitzcovsky
Fonte: 
Thinkstock
O número do relatório é maior do que os 2ºC previstos pelos cientistas ligados às Nações Unidas

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, é a mais nova vítima da rede. Na última sexta-feira (14), vazou na internet uma versão preliminar do Quinto Relatório de Avaliação da organização, mais conhecido como AR5. O documento, que atesta a atual situação do planeta, com base nas mudanças climáticas, estava previsto para ser lançado, apenas, em setembro de 2013.

O rascunho traz uma informação preocupante: muito além dos 2ºC considerados seguros pelos cientistas ligados às Nações Unidas, a temperatura do planeta pode subir até 4,8ºC neste século, com base nos níveis de 1950. E mais: contrariando muitos céticos, o documento afirma que o principal culpado desse aquecimento global é o homem.

Segundo o texto, "é extremamente provável que as atividades humanas tenham causado mais da metade do aumento observado na média global das temperaturas da superfície nos últimos 60 anos". Sendo que, de acordo com os padrões do IPCC, o termo "extremamente provável" significa, ao menos, 95% de certeza.

A prévia do AR5 ainda afirma que o nível dos oceanos deve subir entre 29 e 82 centímetros até 2100, ameaçando a população de áreas de baixa altitude, como Bangladesh, Nova York, Londres e Buenos Aires. No último relatório do IPCC, divulgado em 2007, os cientistas haviam previsto um aumento de 18 a 59 centímetros no nível dos mares.

Em comunicado oficial, o Painel da ONU não quis comentar muito o assunto. A organização, apenas, lamentou o ocorrido e disse que a divulgação prematura e não autorizada do texto pode provocar confusão, já que o relatório ainda estava sendo produzido e, provavelmente, sofreria alterações até ser lançado.

A prévia do texto foi divulgada no blog de um cético do clima americano, chamado Alec Rawls, que queria provar que os sumários executivos dos relatórios do IPCC sofrem interferência política antes de serem lançados "para dar a impressão de que existe uma crise climática descontrolada e, assim, manter o público com medo". Rawls está entre os 800 revisores que foram recrutados pelo IPCC para checar as informações do AR5 e, por isso, tinha acesso ao documento.
National Geographic Brasil
2012 é o 9º ano mais quente desde 1850

Declaração da Organização Meteorológica Mundial aponta aquecimento global como culpado por derretimento de geleiras e outros fenômenos

Clara Nobre de Camargo

O derretimento exacerbado do gelo do Ártico é uma das maiores consequências do aquecimento globalFoto: SXC.HU
Para um ano que deveria ter sido mais frio devido ao fenômeno La Niña, 2012 não foi nada ameno. O mundo todo pode perceber que os efeitos das mudanças climáticas causaram secas, enchentes e ciclones, à exemplo do furacão Sandy, que causou mortes e prejuízos milionários na costa Leste dos EUA e no Caribe no final do mês de de outubro.

Durante uma Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas que aconteceu em Doha, Catar, nesta quarta-feira (28), a Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgou uma declaração alertando que 2012 será classificado como o nono ano mais quente dos últimos 162 anos.

De acordo com o comunicado, a temperatura global e a da superfície dos oceanos aumentou cerca de 0,45°C em relação à média do intervalo dos anos entre 1961 e 1990. "É natural que ocorra variabilidade climática sobre as temperaturas devido a fenômenos como o El Niño e La Niña. Mas eles não alteram a tendência de longo prazo subjacente do aumento da temperatura devido à mudança climática decorrente das atividades humanas", afirmou o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud.

A região Nordeste do Brasil é mencionada em uma tabela divulgada no site da OMM, que diz que mais de 1.100 municípios foram afetados entre os meses de janeiro e outubro por uma severa seca que assola a região há 50 anos e prejudica a agricultura e pecuária locais.

A OMM declarou ainda que, neste ano, o gelo do em torno do Círculo Polar Ártico atingiu sua menor extensão desde setembro de 2007. Por volta de 11,83 milhões de quilômetros quadrados de gelo derreteram entre março e setembro de 2012. 

Está previso para o dia 4 de dezembro o lançamento do relatório “2001-2011: Uma década de Extremos”, que a OMM publica em parceria com agências da Organização das Nações Unidas. Na publicação se evidencia a tendência de aquecimento global e seu impacto sobre a saúde, o desenvolvimento sócio-econômico e a alimentação em todos os continentes do planeta.
Horizonte Geográfico
Brasil deve superar meta de menos gases estufa até 2020

Estimativas levantadas pelo ex-diretor do Serviço Florestal Brasileiro Tasso Azevedo mostram que país poderá diminuir até 6 bilhões de toneladas a mais que o prometido


Clara Nobre de Camargo
Foto: Wikimedia Commons

No ano de 2011 as emissões de gases causadores do efeito estufa no Brasil, como dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, caíram 35% em relação a 2005. O passo é otimista, se levada em conta a meta voluntária do país de diminuir no mínimo 36,1% das emissões até 2020 em relação ao que emitia em 1990. O compromisso foi assumido durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-15), que aconteceu em Copenhague, na Dinamarca, em 2009.

Atualmente, o Brasil contribui com uma parcela de 2,5% das emissões globais destes tóxicos, fato que. De acordo com a projeção de Tasso, nosso país deixará de emitir 15 bilhões de toneladas entre 2005 e 2020, ultrapassando em 6 bilhões de toneladas a meta prometida durante a COP-15.

Estes dados foram levantados e reunidos pelo engenheiro florestal Tasso Azevedo, que foi Diretor Geral do Serviço Florestal Brasileiro e Diretor Executivo do Imaflora. O estudo sobre as emissões nacionais de gases prejudiciais ao globo, ainda em fase preliminar, foi feito com base em dados
públicos e informações disponíveis na internet. Porém, de acordo com o relatório, o governo brasileiro está implantando um sistema de estimativas anuais de emissões do Brasil, as quais deverão apresentar informações mais precisas em breve.

Tasso constatou que, de 2004 para cá, a quantidade de dólares do nosso Produto Interno Bruto aumentou de US$ 200 por tonelada de CO2 para quase US$ 1.600 por tonelada de CO2, o que demonstra uma significativa melhora da
eficiência econômica do país em relação às emissões de dióxido de carbono.


Projeção da evolução da trajetória de emissões do Brasil frente as metas da política nacional de mudanças climáticas (MtCO2e) Fonte: Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa no Brasil 1990-2011/Tasso Rezende de Azevedo/Versão Preliminar/Novembro, 2012
Horizonte Geográfico

Negociações climáticas da ONU estendem Protocolo de Kyoto até 2020

DA REUTERS, EM DOHA
Quase 200 países estenderam neste sábado o prazo para um fraco plano da ONU (Organização das Nações Unidas) para combater o aquecimento global até 2020.

A extensão de oito anos do Protocolo de Kyoto para além de 2012 o mantém ativo como o único plano que gera obrigações legais com o objetivo de enfrentar o aquecimento global. Mas Rússia, Japão e Canadá abandonaram o contrato, o que faz com que as emissões de gases do efeito estufa de países que assinam o tratado representem apenas 15% do total global.

"Eu agradeço a todos pela boa vontade e pelo trabalho duro em fazer esse processo avançar", disse o presidente da conferência, Abdullah bin Hamad Attiyah, ao bater repetidamente o martelo em um pacote de decisões no final da maratona de negociações.

Mas o delegado de Moscou, Oleg Shamanov, disse que a Rússia, Belarus e Ucrânia se opõem à decisão de estender o Protocolo de Kyoto para além de 2012. A Rússia que limites menos rígidos sobre as licenças de emissões de carbono não utilizado, conhecido como ar quente.

Um pacote de decisões, conhecida como "Porta de Entrada Climática de Doha", também adiaria até 2013 uma disputa sobre demandas de nações desenvolvidas por mais recursos para ajudá-las a lidar com o aquecimento global.

Todos os lados dizem que as decisões tomadas em Doha ficaram aquém das recomendações de cientistas a favor de medidas mais duras para evitar mais ondas de calor, tempestades de areia, enchentes, secas e aumento do nível dos oceanos.

A versão preliminar do acordo estenderia o Protocolo de Kyoto por oito anos. Ele obrigou cerca de 35 nações industrializadas a reduzir suas emissões de gases do efeito estufa em média 5,2% frente aos níveis de 1990 durante o período de 2008 a 2012.
Folha de S. Paulo


Conferência do clima pode sepultar extensão do Protocolo de Kyoto

GIULIANA MIRANDA
ENVIADA ESPECIAL A DOHA (QATAR)

A COP-18, décima-oitava conferência do clima da ONU, que acontece até o fim da semana em Doha, no Qatar, entra nesta segunda-feira (3) em sua fase decisiva ainda cercada de incertezas quanto ao principal objetivo do encontro: estabelecer uma extensão do Protocolo de Kyoto, hoje o único acordo internacional de proteção climática em vigor.

O panorama geral das negociações foi resumido pela secretária-executiva do evento, Christiana Figueres. Apesar de iniciar seu balanço da primeira semana da convenção de maneira otimista, ela admitiu que muita coisa inevitavelmente ficará de fora.
Karim Jaafar/AFP 
Manifestantes pedem ação climática em Doha, no Qatar

"O que vier de Doha não será no nível de ambição que precisamos", resumiu Figueres sobre as negociações, que envolvem quase 200 países.

Diferentemente da COP-15, que aconteceu em Copenhague em 2009 e foi cercada de muita expectativa sobre um grande acordo global, a atual cúpula já nasceu um tanto morna.

No encontro do ano passado, em Durban, na África do Sul, os países "concordaram em concordar" com a criação de um pacto global de redução de emissões, que englobaria países ricos e pobres. O acordo, porém, ficou para começar a ser definido em 2015, para entrar em vigor até 2020.

Para não deixar o mundo sem nenhuma meta de redução de emissões de gases do efeito estufa, as partes optaram pelo prolongamento do Protocolo de Kyoto, que oficialmente deixa de valer no próximo dia 31.

Além de decidir até quando esse "puxadinho" do acordo valerá -- se até 2017 ou até 2020--, ficou para o encontro de agora a definição do quanto será reduzido nas emissões.

De qualquer maneira, o acordo já nasce com um alcance limitado. Só a União Europeia e a Austrália, responsáveis por cerca de 15% das emissões globais de carbono, concordaram em participar com ações concretas de redução de emissões do que já está sendo chamado, nos bastidores da COP-18, de "Kyotinho".

Em sua criação, em 1997, o protocolo comprometeu as nações desenvolvidas a reduzir suas emissões de gases-estufa em 5,2%, entre 2008 e 2012, em comparação aos níveis de 1990.

O acordo, porém, já foi criado com ausências importantes. Os EUA não ratificaram o pacto, e nações em desenvolvimento como China, Índia e Brasil, que hoje respondem por boa parte das emissões mundiais, não tinham metas imediatas.

Hoje, o maior impasse para a extensão é puxado por Rússia, Polônia e Ucrânia. Esses países emitiram menos do que poderiam na primeira fase de Kyoto e agora querem levar essas "sobras" no potencial de emissões, o chamado "hot air", para a segunda fase do acordo, o que desagrada boa parte dos negociadores.
Editoria de Arte/Folhapress 

Canadá e Japão, que participaram da primeira etapa, já avisaram que não vão aderir ao novo período.

EFEITO DOMINÓ

Embora vá ter um alcance limitado, a extensão das metas de Kyoto é importante na construção do futuro pacto global para redução de emissões.

Especialistas temem que um fracasso nessa negociação influencie negativamente o futuro acordo, que ainda nem foi rascunhado, mas é ameaçado pela prioridade dada à crise econômica mundial.

Mesmo nesse cenário, a delegação brasileira chegou em clima de otimismo a Doha.

O negociador-chefe do Brasil, o embaixador Luiz Figueiredo Machado, disse que não há risco de a reunião terminar esvaziada.

"Impasses são comuns em negociações longas, com mais de duas semanas, como essa", afirmou.

"Nós acreditamos que a conferência de Doha vai abrir uma nova etapa nas negociações do clima. Essa vai ser uma COP importante, complexa. Há muita coisa importante sobre a mesa, inclusive as bases para o futuro protocolo que foi negociado em Durban", completou.

Na opinião de Carlos Klink, secretário de mudanças climáticas do Ministério do Meio Ambiente, o Brasil chegará à convenção com o "dever de casa" feito, apresentando "a menor taxa de desmatamento da história na Amazônia", divulgada na semana passada.

MÁS NOTÍCIAS

Enquanto o acordo não vem, a COP está sendo marcada pela divulgação de vários estudos pouco animadores sobre as condições gerais do planeta.

Dados preliminares da Organização Meteorológica Mundial indicam que 2012 deve se tornar o nono mais quente desde que as medições foram iniciadas, em 1850. E isso mesmo com a presença do La Niña, fenômeno que contribui para o resfriamento das temperaturas.

O documento destacou ainda o degelo recorde no Ártico e eventos extremos de seca e enchentes espalhados por todo o planeta. A temporada intensa de tempestades tropicais e furacões, incluindo o Sandy, que atingiu o Caribe e os EUA, também foi ressaltada.

Já o relatório "Climate Action Tracker", que analisou a eficácia das medidas para combater o aquecimento global, foi ainda mais pessimista. Praticamente todas as grandes nações emissoras, como China, EUA e Índia, tiveram suas medidas consideradas ineficientes. Desse grupo, apenas Coreia do Sul e Japão tiveram medidas classificadas como satisfatórias.

O desempenho do Brasil foi avaliado como "na média"

FOLHA DE SÃO PAULO
Mundo pode esquentar 4º C, diz relatório

FERNANDO MORAES

Se o mundo ficar de braços cruzados, um aumento de até 4º C na temperatura média do planeta pode ocorrer até o ano de 2060, afirma um novo relatório encomendado pelo Banco Mundial.

Segundo o estudo, mesmo que as reduções de gases do efeito estufa definidas nas recentes cúpulas do clima sejam implementadas, há cerca de 20% de chance de que esse aumento de temperatura ocorra até o fim do século.

O levantamento, divulgado ontem, foi coordenado por uma equipe do Instituto de Pesquisa sobre Impactos Climáticos de Potsdam (Alemanha), um dos grupos mais importantes da área no mundo.

Admitindo as incertezas desse tipo de previsão, o estudo procura mostrar os possíveis efeitos de tal aumento de temperatura para o planeta e, principalmente, para os países em desenvolvimento, os mais vulneráveis às mudanças climáticas.
Editoria de Arte/Folhapress 


PROBABILIDADE

O risco dos possíveis impactos é definido como o "impacto multiplicado pela probabilidade", ou seja, um evento com pouca probabilidade pode ter alto risco se ele trouxer consequências sérias.

A concentração de dióxido de carbono, um dos principais gases do efeito estufa, vem aumentando substancialmente a acidez dos oceanos. Segundo relatório, o aumento previsto de 4º C na temperatura implicaria um aumento de 150% na acidez dos mares.

Isso poderia levar a sérios danos aos recifes de corais, muito sensíveis a mudanças do tipo, e teria fortes consequências para as várias espécies dependentes deles e para as populações que exploram o turismo nessas áreas.

A temperatura prevista em 2100 pode acarretar o aumento de até um metro no nível do oceano. Além dos riscos mais óbvios, como a inundação de áreas costeiras, isso traria mudanças nas correntes marítimas e nos padrões dos ventos, com um aumento de ciclones tropicais e outros eventos climáticos.

Haveria também uma tendência maior ao clima extremo, com mais seca no sul da Europa e em partes das Américas do Sul e do Norte, entre outras áreas, bem como grande umidade nas altas latitudes do hemisfério Norte.

Na Amazônia, um aumento de cerca de 2º C até 2050 poderia dobrar o número de incêndios na floresta. "De fato, num planeta 4º C mais quente, a mudança climática pode se tornar a força motriz das mudanças nos ecossistemas, ultrapassando a destruição de habitats como grande ameaça à biodiversidade", afirma o relatório.

"A mudança climática e o aumento da concentração de de CO2 pode levar os ecossistemas da Terra a um estado desconhecido na experiência humana", completa.

'AMEDRONTADA'

"O objetivo desse e de muitos relatórios semelhantes é manter a população amedrontada por uma ameaça irreal, manter os cientistas na sua posição de destaque na sociedade, manter os governos elaborando leis e arrecadando impostos envolvendo o clima, manter ONGs ambientalistas arrebanhando adeptos", critica Daniela Onça, da Universidade do Estado de Santa Catarina.

Daniela foi uma das signatárias de uma carta aberta à presidente Dilma negando o aquecimento global.

Ela diz que a projeção catastrofista do aumento da temperatura "não é uma previsão, é um cenário, uma possibilidade que tem tanto valor quanto qualquer outra".

"É fato que o homem afeta o clima em escala local, mas não tem a capacidade de alterar os fluxos de matéria e energia em escala planetária", completa.

China sela parceria com a UE para reduzir emissão de carbono
União Europeia vai investir € 25 mi e dará assistência para a implementação de projetos na China
Barbara Lewis - Reuters
BRUXELAS - A China, maior emissor mundial de dióxido de carbono, selou uma parceria com a União Europeia para reduzir as emissões de gases do efeito estufa por meio de projetos que incluem o comércio de créditos para emissões, informou a Comissão Europeia nesta quinta-feira, 20.

A UE e a China têm frequentes atritos por questões climáticas, e Pequim ridicularizou uma lei da UE que taxa as emissões feitas por companhias aéreas europeias.

Ao mesmo tempo, os dois lados mantêm um tenso diálogo, que teve um novo capítulo numa cúpula UE-China nesta semana em Bruxelas.

O comissário (ministro) europeu de Desenvolvimento, Andris Piebalgs, e o ministro chinês do Comércio, Chen Deming, assinaram um acordo de financiamento para estimular a transição "rumo a uma economia de baixo carbono e a redução das emissões de gases do efeito estufa na China", disse a Comissão (poder executivo da UE) em nota.

A Comissão deseja parcerias com outros esquemas de crédito de carbono, a fim de fortalecer o seu próprio mecanismo de créditos, no qual a cotação do carbono tem caído a níveis bem inferiores ao que seria necessário para estimular investimentos em iniciativas "verdes".

No mês passado, UE e Austrália selaram um acordo para vincular seus esquemas de créditos de carbono a partir de 2018.

No caso da China, a União Europeia irá disponibilizar € 25 milhões (US$ 33 milhões de dólares) e assistência técnica durante quatro anos para três projetos de redução de emissões.

Além de ajudar a criar e implementar um esquema chinês de créditos, haverá também assistência para um uso mais eficiente dos recursos nas cidades, para a redução da poluição por metais pesados e para o manejo sustentável de dejetos.

A China já tem esquemas provinciais de créditos de carbono, e não está claro se um futuro esquema nacional irá incluir emissões de viagens aéreas.

A decisão da UE de incluir as companhias aéreas no seu Esquema de Comercialização de Emissões motivou críticas internacionais e a ameaça de uma guerra comercial. Os EUA cogitam medidas para blindar suas companhias aéreas da cobrança, embora até agora tenham respeitado a nova lei europeia. China e Índia descumpriram o prazo para a apresentação de dados, que expirou meses atrás.

Todas as partes esperam que a Organização Internacional da Aviação Civil apresente um esquema alternativo global contra as emissões aéreas. A UE diz que, se isso acontecer, eliminará as suas próprias exigências.

A parceria com a China pode fortalecer a UE na negociação com outros oponentes da sua lei, segundo analistas. 

http://www.estadao.com.br

Camada de gelo da Groenlândia é bem mais vulnerável ao aquecimento

DA FRANCE PRESSE
A camada de gelo da Groenlândia é mais sensível ao aquecimento global do que previamente pensado.

Um estudo publicado no domingo (11) afirma que ela poderia descongelar completamente com um aumento relativamente pequeno da temperatura a longuíssimo prazo.

Estudos anteriores indicam que esse cenário desolador seria possível de ocorrer se houvesse um aumento de, ao menos, 3,1ºC acima do nível da era pré-industrial, em uma escala entre 1,9ºC e 5,1ºC.

Agora, porém, novas estimativas publicadas na revista "Nature Climate Change" estabeleceu esse índice em 1,6ºC, em uma escala entre 0,8ºC e 3,2ºC.

Para termos comparativos, o clima já se tornou mais quente 0,8ºC desde o início da Revolução Industrial na metade do século 18. As emissões de carbono, que colaboram com o efeito-estufa, também não parecem estar diminuindo.

Apesar de exigir milhares de anos para um derretimento da camada de gelo nessa proporção, o alerta é importante. A Groenlândia é, atrás da Antártida, o segundo maior armazenamento de água do mundo. Em estado líquido, aumentaria as águas oceânicas em até 7,2 metros, engolindo no processo deltas e ilhas menores.

Segundo o pesquisador Andrey Ganopolski, que participou da análise, se as temperaturas globais continuarem no mesmo ritmo, o gelo vai continuar derretendo e não vai "crescer" novamente mesmo se o clima voltasse aos patamares antes da era industrial.
Jornal Folha de São Paulo

Depois do dilúvio

Inundações, secas e ondas de calor vêm alertando administradores urbanos a tomar medidas ousadas para proteger pessoas e propriedades
por John A. Carey


Getty images
Inundações como esta do rio Delaware força cidades a planejar para o clima radical

Durante um século Dubuque, no estado americano de Iowa, atraiu trabalhadores. Conforme surgiam, as novas gerações construíram casas, lojas e ruas que acabaram por cobrir o córrego Bee Branch. A água borbulhava por tubos subterrâneos fora da vista e da memória de muitos.

Até que as chuvas vieram. Em 16 de maio de 1999, 14,2 cm de chuva caíram em 24 horas. Os tubos do riacho e as galerias pluviais transbordaram, levantando as tampas de bueiro e transformando as ruas em rios furiosos na altura do peito das pessoas. Centenas de casas e empresas foram inundadas.

O prefeito Roy Buol se lembra com detalhes da reunião de bairro realizada algumas semanas depois. “Todos estavam perturbados”, diz ele. Em 2001, a cidade concebeu um plano-mestre para resolver o problema da inundação: transformar o riacho submerso novamente em rio aberto com margens graduadas para dar conta das enchentes. Claro que isso exigiria derrubar dezenas de casas. “A sugestão não foi bem recebida”, segundo Deron Muehring, engenheiro civil da cidade. O planejamento foi interrompido.

Então, em junho de 2002, caíram mais de 15 cm de chuva durante dois dias, jogando novamente água da tempestade nas casas e edifícios que tinham acabado de ser reformados. Isso ajudou a romper o impasse político e uniu os líderes da cidade num plano de US$ 21 milhões para refazer o bairro que precisou eliminar casas e adicionar um parque verdejante com um riacho passando por ele, juntamente com duas bacias de retenção. A decisão não dependeu de palavras sobre a mudança climática ou da necessidade de salvar o planeta para as gerações futuras. Os moradores estavam fartos, e líderes locais temiam que o bairro sofresse um declínio irreversível. A cidade começou comprando 74 propriedades e o início da construção ocorreu após outra inundação em 2010. Engenheiros já restauraram cerca de 610 m do córrego Bee Branch. Quando o projeto estiver concluído em 2013, a cidade poderá até resistir a novos dilúvios de 25 cm ou mais de julho passado, que provocaram vários milhões de dólares em prejuízos.

As ações de Dubuque são um microcosmo de uma história maior que se desdobra em todos os Estados Unidos. As políticas federais de combate às mudanças climáticas estão paralisadas, e alguns membros do Congresso acusam os cientistas de inventarem tudo. Mas as cidades, vilarejos, autoridades de fornecimento de água, agências de transportes e outras entidades locais não estão interessadas em debater se a mudança climática é real ou não: estão agindo agora. Como Dubuque, eles já enfrentam enchentes, secas, ondas de calor, elevação dos mares sem precedentes e a morte e destruição que esses acontecimentos podem impor. “Temos de levar a adaptação a sério”, avalia o senador do estado de Iowa, Rob Hogg.

Aproximadamente 16 estados americanos têm ou estão desenvolvendo planos de adaptação às alterações climáticas, segundo o Georgetown Climate Center, em Washington, D.C., que trabalha com os estados. [Informação: a esposa do autor, Vicki Arroyo, é diretora- executiva do centro.] Embora ninguém tenha computado os números exatos, centenas de comunidades e agências vêm reagindo ao clima cada vez mais severo. Os que não estão trabalham com tapa-olhos, como sempre, segundo a urbanista Mikaela Engert, que ajudou a desenvolver os planos para Keene, New Hampshire.

Gente corajosa
O pacote emergente de iniciativas de adaptação concentra-se por vários pontos em comum. O primeiro é que nada chama mais atenção que casas inundadas ou reservatórios secos na comunidade. Mesmo em Dubuque, na conservadora Iowa, o argumento de que a mudança climática é uma farsa diminuiu quando as inundações continuaram chegando. “Quantos desses eventos que costumavam acontecer a cada 500 anos devem acontecer a cada poucos anos antes de você perceber que algo está mudando?” questiona o prefeito Buol. “Quer o homem esteja contribuindo ou não, o clima vem mudando em ritmo mais acelerado que em qualquer outra época da história.”

O segundo ponto é que “toda adaptação é local”, como observa Michael Simpson, presidente de estudos ambientais da Antioch University. É claro que a reação da San Francisco Bay Area à elevação dos mares que ameaça aeroportos, portos marítimos e comunidades costeiras deve ser diferente do plano de Chicago de construir telhados “verdes”, plantar árvores e instalar calçada “fria” para conter as ondas de calor. Com certeza, iniciativas nacionais e regionais podem desempenhar papéis relevantes. Mas a adaptação para os problemas locais depende de “gente corajosa”, que vai enfrentar o desafio, segundo Susanne Moser, consultora de adaptação ao clima e fellow da Stanford University.

Essas pessoas têm seu trabalho interrompido devido ao fato de a adaptação ser difícil. “Não é uma prioridade para as pessoas em geral”, avalia o senador Hogg. O processo de planejamento em si é um desafio, pois deve reunir muitos partidos. Mesmo quando medidas eficazes podem ser tomadas, muitas vezes há barreiras orçamentárias, políticas ou regulatórias. A adaptação fica ainda mais difícil quando as ameaças são incertas. Embora pareça óbvio diversificar o abastecimento de água diante da previsão de secas, como a Denver Water vem fazendo, é menos claro como fazer
adaptações, digamos, para as quebras generalizadas de safra, como as do Texas e Oklahoma.

As complexidades explicam por que as respostas são variadas. Por um lado, “fizemos progressos surpreendentes em período relativamente curto”, avalia Steve Adams, diretor da Climate Leadership Initiative, em Eugene, Oregon. Alguns exemplos: a Southern Nevada Water Authority está escavando um sistema de captação de águas de US$ 700 milhões abaixo do lago Mead para que a água ainda flua para o vale de Las Vegas quando os níveis do lago caírem abaixo das duas captações atuais, o que deve acontecer em breve. Toronto construiu uma nova rede de bacias de águas pluviais e drenos em resposta a várias inundações intensas recentes. Maryland está construindo embarcadouros mais altos e tem como alvo a aquisição de terras que possam agir como barreira contra a elevação do nível do mar e tempestades repentinas.

Vermont, que sofreu danos sem precedentes com o furacão Irene, planeja reconstrução melhor e mais sólida. “Antes, mudávamos nossos códigos e normas racionalmente para tornar nossa infraestrutura mais resistente à variação do tempo devido à mudança climática global”, declara Gina Campoli, gerente de política ambiental da Vermont Agency of Transportation. “Atualmente fazemos apenas isso.

cortesia da cidade de Dubuque

Dubuque, Iowa, abriu um riacho subterrâneo para absorver água durante as tempestades em vez de inundar a cidade.

Mais chuva, mais seca
Mais problemas devem aparecer, pois a ciência pinta um quadro cada vez mais certo de clima sendo alterado por ações humanas. Os modelos climáticos preveem, por exemplo, aumento da temperatura média noturna e, atualmente, as medidas mostram inequivocamente o que está acontecendo. O fenômeno pode estar provocando queda na produção do milho, pois as plantas respiram mais (emitem dióxido de carbono) durante as noites mais quentes, queimando o combustível que poderia ser usado para fazer crescer os grãos.

Os modelos preveem que com o aumento da temperatura da Terra, o calor e a seca aumentarão em faixas de todo o sudoeste americano e no Oriente Médio e que as ondas de calor serão mais comuns em latitudes mais altas, em locais que vão do centro-oeste superior americano à Rússia. O que vem acontecendo também.

Finalmente, esses modelos predizem mais dilúvios, como os que atingiram Vermont e Nova York no verão passado. Para cada 1 grau Celsius de aumento da temperatura, a atmosfera consegue reter mais 7% de umidade. Ou seja, 2%-3% mais de chuva em geral, mas 6%-7% a mais de eventos extremos de precipitação.

Sem um grande corte na emissão de gases de efeito estufa, “esses acontecimentos se tornarão mais comuns”, avalia Michael Wehner, cientista da equipe do Lawrence Berkeley National Laboratory. “Acho que ninguém discorda disso.” O trabalho de Peter Stott, chefe de monitoramento do clima e atribuição do U.K. Met Office, mostra que as chances de uma onda de calor como a que atingiu a Europa em 2003 multiplicaram- se por quatro se comparadas com os dias pré-industriais.

Embora seja impossível dizer que qualquer evento climático radical tenha sido provocado diretamente pela mudança climática, isso “não importa, porque é assim que a mudança climática se apresenta, e temos de estar preparados”, avalia David Behar, diretor de programa de clima da San Francisco Utilities Commission. Um projeto para o qual Simpson trabalhou usou informações passadas de pluviômetros em New Hampshire para mostrar que, das 15 maiores enchentes do estado desde 1934, 10 ocorreram nos últimos 15 anos, e que a quantidade torrencial de chuva no que costumavam ser tempestades a cada 200 anos atualmente ocorre a cada 25 anos. Mas a maioria dos engenheiros da Nova Inglaterra ainda projeta bueiros, bocas de lobo e pontes baseada em dados pluviométricos das décadas de 20-50. “Boa parte da infraestrutura construída agora está subdimensionada”, afirma Simpson.

Mais chuva, mais seca
Mais problemas devem aparecer, pois a ciência pinta um quadro cada vez mais certo de clima sendo alterado por ações humanas. Os modelos climáticos preveem, por exemplo, aumento da temperatura média noturna e, atualmente, as medidas mostram inequivocamente o que está acontecendo. O fenômeno pode estar provocando queda na produção do milho, pois as plantas respiram mais (emitem dióxido de carbono) durante as noites mais quentes, queimando o combustível que poderia ser usado para fazer crescer os grãos.

Os modelos preveem que com o aumento da temperatura da Terra, o calor e a seca aumentarão em faixas de todo o sudoeste americano e no Oriente Médio e que as ondas de calor serão mais comuns em latitudes mais altas, em locais que vão do centro-oeste superior americano à Rússia. O que vem acontecendo também.

Finalmente, esses modelos predizem mais dilúvios, como os que atingiram Vermont e Nova York no verão passado. Para cada 1 grau Celsius de aumento da temperatura, a atmosfera consegue reter mais 7% de umidade. Ou seja, 2%-3% mais de chuva em geral, mas 6%-7% a mais de eventos extremos de precipitação.

Sem um grande corte na emissão de gases de efeito estufa, “esses acontecimentos se tornarão mais comuns”, avalia Michael Wehner, cientista da equipe do Lawrence Berkeley National Laboratory. “Acho que ninguém discorda disso.” O trabalho de Peter Stott, chefe de monitoramento do clima e atribuição do U.K. Met Office, mostra que as chances de uma onda de calor como a que atingiu a Europa em 2003 multiplicaram- se por quatro se comparadas com os dias pré-industriais.

Embora seja impossível dizer que qualquer evento climático radical tenha sido provocado diretamente pela mudança climática, isso “não importa, porque é assim que a mudança climática se apresenta, e temos de estar preparados”, avalia David Behar, diretor de programa de clima da San Francisco Utilities Commission. Um projeto para o qual Simpson trabalhou usou informações passadas de pluviômetros em New Hampshire para mostrar que, das 15 maiores enchentes do estado desde 1934, 10 ocorreram nos últimos 15 anos, e que a quantidade torrencial de chuva no que costumavam ser tempestades a cada 200 anos atualmente ocorre a cada 25 anos. Mas a maioria dos engenheiros da Nova Inglaterra ainda projeta bueiros, bocas de lobo e pontes baseada em dados pluviométricos das décadas de 20-50. “Boa parte da infraestrutura construída agora está subdimensionada”, afirma Simpson.

Primeiros passos

O termo “mudança climática”, altamente politizado, nem precisa ser invocado para convencer as comunidades a rever suas práticas. Metrópoles e cidades que passaram pelos piores desastres tendem a estar na vanguarda da adaptação, e os líderes locais podem conseguir apoio da comunidade para superar as barreiras. Um bom exemplo é Keene. Em outubro de 2005, três dias após Simpson apresentar um relatório ao conselho da cidade identificando bueiros e estradas vulneráveis numa grande tempestade, a região foi atingida por 27,5 cm de chuva. A água destruiu esses bueiros e estradas, além de casas e pontes, paralisou a estação de tratamento de água e provocou várias mortes. O desastre estimulou a cidade, com pequena ajuda externa, a desenvolver um dos primeiros e mais abrangentes planos de adaptação do país, liderados pelo diretor de planejamento Rhett Lamb, e a encontrar financiamento para melhorias. Calçadas ao longo de uma das principais ruas da cidade – Washington Street – acabam de ser substituídas por concreto poroso, e estradas vicinais foram revestidas com bordas gramadas em vez de meios-fios, para que nos dois casos a água da chuva possa se espalhar e penetrar lentamente no terreno circundante em vez de subir na rua, provocando inundações.

Em Charles City, Iowa, o ponto de inflexão foi uma inundação devastadora em 2008, quando o rio Cedar se elevou quase 90 cm acima do recorde anterior. Quando as pessoas veem suas casas cheias de água “elas realmente refletem sobre a mudança no número de tempestades”, relata o administrador da cidade, Tom Brownlow. “Cabe a nós da liderança dizer: 'Este é um problema de longo prazo que devemos abordar'.” A cidade concordou. Demoliu 16 quarteirões de ruas e instalou pavimentação permeável sobre uma camada espessa de rocha e cascalho. O sistema permite a passagem da água para baixo do solo em vez de escorrimento superficial, provocando inundações. Além disso, a área sob a pavimentação carrega microrganismos que se alimentam de óleo e outros contaminantes antes que a água atravesse e finalmente chegue ao rio. A cidade também transformou a beira-mar, com amenidades como raias para canoagem de classe mundial. Agora “podemos ter uma chuva que só ocorre a cada 100 anos sem ficar com água parada nas ruas”, segundo Brownlow.

Os produtores de milho de Iowa também reagiram ao aumento de chuvas no estado. Gastaram dezenas de milhares de dólares, instalando mais cerâmicas de drenagem, para manter os campos menos encharcados, situação que pode atrasar o plantio e retardar o desenvolvimento das culturas. Ironicamente, eles também vêm plantando até três vezes mais sementes por acre, aproveitando o aumento de umidade no solo de primavera para cultivar mais culturas nos mesmos domínios. Mesmo que em grande parte os agricultores neguem que os humanos estejam alterando o clima, “eles já estão se adaptando e ganhando dinheiro com isso”, segundo Gene Takle, professor de meteorologia e mudanças climáticas globais da Iowa State University.

As inundações são uma ameaça imediata das mudanças climáticas. Mas certas comunidades estão se adaptando a efeitos de longo prazo. A San Francisco Bay Area, por exemplo, planeja gastar de US$ 20-40 milhões, reformando 16 emissários de esgoto na baía, para evitar que a elevação do mar e as tempestades empurrem a água de volta nos emissários e estações de tratamento de esgoto.

Uma pessoa persistente tem incutido uma visão de longo prazo em Hayward, Califórnia, na costa oriental da baía de São Francisco. Quando Bill Quirk, ex-modelador climático da Nasa e especialista em armas nucleares, ganhou um assento no conselho da cidade em 2004, ele tentou várias vezes fazer a cidade prestar atenção à ameaça da elevação do nível do mar, sem sucesso. “Eu era novo e não sabia como encaminhar as coisas”, diz ele.

Então, na véspera do Ano Novo de 2006, ondas de tempestade na maré alta arremeteram sobre os diques de proteção da cidade, provocando grandes prejuízos. A pedido de Quirk, a Hayward Área Shoreline Planning Agency destinou US$ 30 mil para estudar soluções. Nos séculos passados, sedimentos que vinham de riachos e córregos se acumulavam em áreas úmidas ao longo da baía, criando zonas-tampões contra ondas de tempestades. Mas assim que os riachos foram canalizados em bueiros e tubulações, o sedimento começou a fluir para fora na baía, onde se acumula em marinas e canais de navegação. A agência espera iniciar projetos-pilotos que permitam que um pouco de água e sedimentos retornem banhando mais uma vez as zonas úmidas para ajudar a sustentá-las.

A adaptação é mais difícil de ser concretizada quando as pessoas não enfrentam invasão de água sobre os diques ou porões inundados, especialmente quando os ventos orçamentários e políticos se opõem à ação. Em Iowa, o senador Hogg vem forçando um plano de recuperação das zonas úmidas que escoariam a água lentamente para os rios, reduzindo as inundações nas cidades. Mas não só a proposta não conseguiu passar no legislativo estadual, como os programas estaduais existentes estão sendo cortados. “Há momentos em que sinto que estou batendo a cabeça na parede”, o senador Hogg acrescenta, “mas temos de continuar a trabalhar.”

Encontrando resistência

Novas iniciativas poderiam necessitar de mais ajuda federal. Talvez venham mais coisas dali. Em 2009, o presidente Barack Obama exigiu que as agências governamentais desenvolvam seus próprios planos de adaptação ao clima até meados de 2012. Entre os que levam a tarefa a sério está o Departamento de Defesa, que se preocupa com as muitas instalações ao longo de costas vulneráveis. O Departamento de Transportes tem como objetivo identificar estradas,
pontes e outras infraestruturas que poderiam ser afetadas. E as agências protetoras de vida selvagem lutam para manter espécies, ecossistemas e refúgios de vida silvestre saudáveis diante de zonas de mudança climática.

Outro empurrão para a ação poderia vir do setor privado. A gigante de resseguros Swiss Re vem trabalhando com a McKinsey & Company e grupos ambientalistas sobre a economia da adaptação climática. Estudos de caso mostram que é muito mais barato para uma localidade gastar dinheiro agora e se tornar mais resistente que pagar prejuízos de desastres climáticos mais tarde, abordagem que, obviamente, beneficia as seguradoras também. A indústria de petróleo já elevou os padrões de resistência de equipamentos de perfuração para enfrentar furacões mais intensos. Da mesma forma, Joyce Coffee, vice-presidente da Edelman, que já ajudara a desenvolver um plano de adaptação de Chicago, está tentando convencer empresas de que a adaptação poderia criar grandes oportunidades. Um dono de shopping center que aposta em modernização no sistema de águas pluviais da comunidade, por exemplo, ganha boa vontade local, reduz o risco de danos provocados por inundações na propriedade e aumenta a chance de as pessoas ainda poderem fazer compras quando houver mau tempo.

Para Dubuque, com certeza vale a pena adaptar-se às mudanças climáticas. O desemprego é baixo, e espera-se que a renovação eleve os valores das propriedades e gere empregos. A cidade foi nomeada uma das cinco melhores e mais resistentes dos Estados Unidos, uma das dez mais inteligentes do planeta e uma das comunidades mais habitáveis do mundo. “As cidades que apostam na sustentabilidade desde o início terão vantagens econômicas, e é o que já estamos

John A. Carey é jornalista free-lancer, ex-correspondente-sênior da BusinessWeek, onde cobria ciência, tecnologia, medicina e meio ambiente.
Scientific American Brasil
Mudanças climáticas reflectem-se
no tamanho de animais e plantas
Estudo de investigadores da Universidade de Singapura publicada na «Nature Climate Change»2011-10-18

Várias espécies foram ficando mais pequenas com o aumento da temperaturaDevido ao aumento das temperaturas e à falta de água o tamanho dos animais e das plantas está a diminuir. É o que defende um grupo de investigadores da Universidade de Singapura que publicou agora um estudo na «Nature Climate Change». As mudanças, advertem, podem ter profundas implicações na produção de alimentos nos próximos anos.

David Bickford e Jennifer Sheridan analisaram registos fósseis e dezenas de estudos que mostram que muitas espécies de plantas e animais como aranhas, escaravelhos, abelhas, cigarras e formigas foram ficando mais pequenas com o passar do tempo devido às mudanças climáticas.

Citaram uma experiência que mostra como os frutos de uma grande variedade de plantas são 3 a 17 por cento mais pequenos por cada grau célsius. Cada grau de aquecimento reduz também entre 0,5 e 4 por cento do corpo dos invertebrados marinhos e entre 6 e 22 por centos dos peixes.

Os peixes mais pequenos podem ver aumentar a sua capacidade de sobrevivência com as temperaturas mais quentes. Mas as condições de seca podem dar lugar a descendentes mais pequenos, baixando a média do tamanho, afirmam os autores.

Os impactos podem ir de uma maior limitação de recursos alimentares (menor quantidada de alimentos produzidos na mesma quantidade de terra) até uma perda maior da biodiversidade.

Artigo: Shrinking body size as an ecological response to climate change
http://www.cienciahoje.pt

Maior estudo independente já feito confirma aquecimento do planeta
A maior revisão de dados históricos de temperatura já feita até hoje revelou que os mais importantes argumentos usados pelos chamados céticos do clima, os maiores críticos do aquecimento global, não alteram o fato de que o mundo está, mesmo, ficando mais quente.
Cientistas da Universidade da Califórnia, Berkeley, investigaram vários tópicos que, segundo os céticos, alterariam o quadro final que aponta para o aquecimento do planeta. E descobriram que nenhum dos dados tem um efeito significativo na conclusão geral de aumento de temperaturas.
Os cientistas do Projeto Terra compilaram mais de um bilhão de registros de temperatura desde 1800, de 15 fontes diferentes em diversos pontos do mundo, e concluíram que, em média, a temperatura em terra aumentou 1 grau Celsius desde meados dos anos 50.
O número bate com as estimativas sobre aquecimento global a que já tinham chegado os principais grupos que estudam o assunto, como os da Nasa, da Administração Nacional de Atmosfera e Oceanos dos EUA (NOAA, na sigla em inglês) e o Met Office, no Reino Unido.

Jornal O Globo

As vacas poluem tanto quanto os carros?

A agricultura é responsável por aproximados 14% dos gases estufa do mundo. Uma porção significativa dessas emissões vem do metano, que em termos de sua contribuição para o aquecimento global, é 23 vezes mais poderoso do que o dióxido de carbono. A Organização da Agricultura e Alimentos dos EUA informa que a produção de metano na agricultura pode aumentar em 60% por volta de 2030 [Fonte: Times Online (site em inglês)]. Cerca de 1,5 bilhão de vacas e bilhões de outros animais de pastagens existentes no mundo emitem dúzias de gases poluentes, incluindo uma grande quantidade de metano. Dois terços de toda a amônia vem das vacas.
Fotógrafo: Joe Gough | Agência: Dreamstime.com
As grandes quantidades de metano produzido pelas vacas são agoracausa de preocupação e assunto para muitas pesquisas científicas

As vacas emitem uma grande quantidade de metano através do arroto, e uma menor quantidade através da flatulência, ou seja, do seu pum. As estatísticas variam sobre quanto metano a vaca leiteira média expele. Alguns especialistas dizem que de 100 a 200 litros por dia, enquanto outros dizem que pode chegar a 500 litros por dia. De qualquer forma, é muito metano, uma quantidade comparável à poluição produzida por um carro em um único dia.

Para entender por que as vacas produzem metano, é importante conhecer um pouco mais sobre como funcionam. Vacas, cabras, ovelhas e muitos outros animais pertencem a uma classe de animais chamada de ruminantes. Os ruminantes têm quatro estômagos e digerem seu alimento em seus estômagos ao invés de seus intestinos, como fazem os humanos. Os ruminantes comem o alimento, regurgitam-no como bolo alimentar e tornam a comê-lo. Os estômagos são cheios de bactérias (em inglês) que facilitam a digestão, mas também produzem metano.

Com milhões de ruminantes na Inglaterra, incluindo 10 milhões de vacas, uma grande iniciativa está sendo promovida para frear as emissões de metano por lá. As vacas contribuem com 3% de todas as emissões de gás estufa na Inglaterra e 25 a 30% de seu metano. Na Nova Zelância, onde a criação de gado e ovelhas tem importância vital, 34% dos gases estufa vêm dos animais criados na fazenda. Um estudo de três anos, que começou em abril de 2007 por cientistas galeses, está examinando se adicionar alho (em inglês) ao alimento da vaca pode reduzir sua produção de metano. O estudo está em andamento, mas os primeiros resultados indicam que o alho corta a flatulência da vaca pela metade, atacando os micróbios que produzem o metano e que vivem nos estômagos das vacas [Fonte: BBC News (site em inglês)]. Os pesquisadores também estão tentando verificar se a adição de alho afeta a qualidade da carne ou do leite produzidos e até mesmo se os animais ficam com mau hálito.

Um outro estudo da Universidade de Gales, Aberystwyth, está rastreando quantidades de metano e nitrogênio produzidos pelas ovelhas, que fornecem um bom modelo de comparação com as vacas porque possuem sistemas digestivos semelhantes. As ovelhas desse estudo estão vivendo em túneis de plástico onde a sua produção de metano é monitorada através de uma variedade de dietas.

Muitos outros esforços estão a caminho para reduzir a produção de metano do ruminante, tais como tentar criar vacas que vivam mais tempo e que tenham melhores sistemas digestivos. Na Universidade de Hohenheim, na Alemanha, cientistas criaram uma pílula para segurar os gases na pança da vaca - a primeira cavidade do estômago dos ruminantes - e converter o metano em glicose. No entanto, a pílula exige uma dieta rigorosa e horários estruturados de alimentação, coisas que podem não combinar muito bem com a pastagem.

Em 2003, o governo da Nova Zelândia propôs uma taxa sobre a flatulência, que não foi adotada devido a um protesto generalizado.

Outros esforços visualizam os campos de pastagem sendo usados pelos produtores de gado, os quais serão discutidos na próxima seção.

Então, sabemos que os ruminantes estão produzindo quantidades enormes de metano, mas por quê? Os humanos produzem gases diariamente, mas nada comparável ao que esses animais produzem. Na próxima página, aprenderemos mais sobre a fonte do problema do metano e sobre a controvérsia que existe por trás disso.

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