sexta-feira, 19 de julho de 2013

DESERTIFICAÇÃO

Secura em curso - O processo de desertificação no Nordeste

As regiões da caatinga, que vêm sofrendo processo de desertificação, precisam repensar suas escolhas econômicas, antes que seja tarde demais

Joana Marins


Em Capelinha, no Piauí, uma cena típica do semiárido brasileiro: Gonçala Batista dos Santos chega ao açude quase seco com os galões para o consumo doméstico diário. Mau uso do solo está por trás de muitos dos problemas vividos na região Foto: Araquém Alcântara

A vegetação verde e o ar úmido de Natal, capital do Rio Grande do Norte, vão ficando para trás. No caminho para o interior nordestino o verde da vegetação vai dando lugar aos tons de bege, ocre e areia em tempos de seca. As pedras começam a ficar cada vez mais frequentes e na linha do horizonte nos deparamos com serras em diversas nuanças de marrom. Nosso destino é a região do Seridó potiguar, encravada no semiárido brasileiro, uma das zonas mais secas da caatinga. Para aonde vamos, a temperatura do chão chega a atingir 60 graus, e a temperatura ambiente oscila entre 25 e 33 graus na maior parte do ano, segundo dados do Plano de Desenvolvimento Sustentável do Seridó. 

Em Caicó, a maior cidade da região, com 62 mil habitantes, é comum ver guardachuvas na mão das senhoras que andam nas ruas, apesar de não cair uma chuva “de encher os açudes”, como dizem os moradores, há mais de um ano. As sombrinhas no sertão servem para proteger o corpo da forte incidência solar nessa região de “pouca folhagem e pouca sombra”, fazendo justificar a origem do nome Seridó, segundo o folclorista Luís da Câmara Cascudo, nascido não muito distante dali, em Natal. Tanto calor e o pouco cuidado humano com o solo pedregoso e de baixa profundidade transformaram esse pedaço do semiárido em uma das regiões brasileiras mais próximas do que se entende como um deserto. 

“A formação de desertos, como o do Atacama, no Chile, foi natural, uma combinação de solo e clima. Já no semiárido brasileiro, o processo de desertificação é causado pelo homem, pois a caatinga é muito rica, tanto em plantas quanto em biodiversidade e as chuvas por aqui são mais abundantes do que em um deserto propriamente dito”, explica Leonardo Tinoco, pesquisador do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), um órgão de pesquisa governamental ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Para ele, o problema está no manejo inadequado da terra, responsável por retirar da região do semiárido 100 toneladas de solo por hectare ao ano, segundo estima Tinoco, que completa: “E a natureza demora 300 anos para recuperar isso”. Por manejo inadequado entenda-se o desmatamento das árvores nativas, a retirada de solos férteis para a fabricação de telhas e tijolos, a mineração e as queimadas. E, ainda, a criação de animais de grande porte em número acima do suportável para essa região. Além de consumir a pouca vegetação disponível, com seus cascos as vacas e cabras impedem que as novas plantas vinguem.

A família de José Ávila da Nóbrega sempre viveu no Seridó, mais especificamente na zona rural do município de Parelhas. Ao caminhar pela propriedade de 12 hectares, ele aponta a casa em que vivia sua bisavó. Esse não é o único pedaço de terra pertencente ao agricultor, mas é onde fica a sua residência, herdada do pai. Ao lado dela podemos ver mais três casas, uma ocupada pelo filho mais velho e duas vazias, à espera dos quatro filhos que estudam em cidades maiores. “Deus me livre vender uma delas! É para ficar aqui quando eles precisarem”, afirma. Orgulhoso da família que criou com Inês, sua esposa há 30 anos, ele diz ter abandonado o gado porque dava mais trabalho do que lucro. “Quando tinha seca, como agora, eu precisava comprar ração, que é muito cara. Agora só planto banana, manga, coco e goiaba, porque a minha propriedade é perto do rio Seridó. Mas, se não chove, tenho de irrigar”, conta. 

A seca se instalou por aqui desde 2011. Ela se configura, tecnicamente, quando o período de precipitação dura menos que quatro meses no ano e o balanço hídrico é negativo, ou seja, chove menos do que é evaporado. Esse cenário já se repetiu diversas vezes na história, como em 1915, 1932, 1958, 1983 e 1998. Algumas dessas secas se tornaram lendárias, como a de 1915, transformada em tema do romance O Quinze, da escritora cearense Rachel de Queiroz, ou a ocorrida na década de 1930, retratada no livro Vidas Secas, do alagoano Graciliano Ramos. “A seca é caracterizada mais por um problema social, pelo desequilíbrio ao acesso da água do que apenas pela falta de chuvas. Felizmente, não temos mais o cenário de morte e destruição que tínhamos no início do século passado. Muitas pessoas ainda passam necessidade, mas não perdemos mais vidas”, afirma Leonardo Tinoco. 
Revista Horizonte Geográfico

Desertificação

Bruna Ventura
O risco de desertificação que ameaça centenas de milhões de pessoas se deve à degradação do solo motivada pela intervenção humana (foto: Pamela Ceron/UNDDD).
Um terço da população mundial vive em terras secas em mais de 100 países – a maioria deles em desenvolvimento. De acordo com a estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU), mais de um bilhão de pessoas têm sua subsistência ameaçada pelo risco da desertificação, que pode levar ao rompimento de quase metade dos sistemas de cultivo de todo o mundo.

A gravidade da ameaça levou a ONU a lançar um plano de combate à desertificação, que busca a proteção e o manejo responsável das terras secas nos próximos dez anos. A Década para os Desertos e a Luta contra a Desertificação foi anunciada no último mês de agosto, simultaneamente no Brasil e na África.

No Brasil, a ameaça da desertificação costuma ser associada a duas regiões distintas – o semiárido do Nordeste e os pampas gaúchos. No entanto, o que se verifica em cada uma dessas áreas são fenômenos causados por fatores de natureza diversa – tanto que alguns especialistas preferem usar termos diferentes para designá-los.

O caso do semiáridoEm grande parte da região Nordeste e no norte de Minas Gerais, as áreas suscetíveis à desertificação cobrem mais de um milhão de quilômetros quadrados segundo as estimativas oficiais do Ministério do Meio Ambiente (que incluem ainda nessa estatística uma área do noroeste do Espírito Santo, contestadas por alguns pesquisadores por não apresentar clima seco).

O risco de desertificação é associado a um processo de degradação do solo motivado pela intervenção humana. “O desmatamento, o pastoreio em excesso e a irrigação mal feita são responsáveis por essa degradação”, resume Bartolomeu Israel de Souza, estudioso do tema na Universidade Federal da Paraíba.

“O desmatamento, o pastoreio em excesso e a irrigação mal feita são responsáveis pela degradação dos solos”“Os principais prejuízos são a redução da biodiversidade, a compactação, erosão e diminuição da fertilidade dos solos, o assoreamento dos rios e a extinção de nascentes de água.”

O geógrafo lembra também que o aquecimento global também pode ter sua parcela de culpa. “De acordo com a definição oficial da ONU para desertificação, as mudanças climáticas também podem gerar esse tipo de impacto ambiental, mas ainda não existem provas de que isso aconteça no Brasil”, afirma.

Souza considera bem-vinda a campanha contra a desertificação no semiárido brasileiro. “O plano da ONU pode canalizar investimentos nacionais e internacionais para o uso sustentável das terras. Outras medidas de combate são o reflorestamento e a contenção da erosão”, destaca o pesquisador.

Ele também alerta para a necessidade de investimentos em educação, assistência técnica para os pequenos e médios produtores da zona rural, revisão política da distribuição de terras, mapeamento de unidades de conservação ambiental e incentivo ao turismo rural e ao ecoturismo na região.

Arenização vs. desertificaçãoA outra região do Brasil que vem à mente quando se fala em desertificação é o pampa da região Sul. As áreas de solo exposto nesse bioma já foram consideradas vítimas em potencial da desertificação em decorrência da monocultura de soja, que enfraquece o solo e elimina a vegetação original. No entanto, essas áreas não estão contempladas no plano da ONU, e alguns especialistas relutam em falar de desertificação para definir o que ocorre ali.

“Para que uma área seja considerada desertificada, o solo em questão deve estar localizado em regiões áridas, semiáridas ou semiúmidas. O pampa é úmido”, explica a geógrafa Dirce Maria Suertegaray, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Nas áreas em que a erosão do solo não se deve à interferência humana, é mais adequado falar em arenização “O que vemos, principalmente na porção sudoeste do Rio Grande do Sul, são dois processos diferentes de erosão do solo. Um corresponde à ação humana, enquanto o outro é um fenômeno natural que, portanto, não deveria ser combatido”, diferencia.

Segundo a pesquisadora, que estudou dez cidades no sudoeste do Rio Grande do Sul, existem áreas onde a erosão do solo não tem está vinculada à interferência humana. Nesse caso, o conceito mais adequado para denominar o processo é arenização.

Panorama do pampa gaúcho. Esse bioma conta com várias áreas em que o solo sofreu um processo natural de erosão do solo, que os especialistas preferem chamar de arenização, em vez de desertificação (foto: Eduardo Amorim – CC 2.0 BY-NC-SA). “O solo dessas regiões está associado a depósitos superficiais arenosos que podem ter origem vinculada a processos fluviais e eólicos de clima semiárido. Há cerca de 3 mil anos, esse local era dominado por um clima semiárido, e não úmido, como conhecemos hoje, e as dunas que constituem parte desses depósitos superficiais são uma herança desse tempo”, diz Suertegaray.

De acordo com a geógrafa, o clima se tornou úmido com o passar do tempo, o que fez com que a vegetação se expandisse. “A umidificação do clima e os processos decorrentes da ação das águas, como o escoamento concentrado na forma de ravinas e voçorocas, formaram sulcos no solo que, em alguns casos atingiram os lençóis freáticos. Estes processos promoveram e a remobilização das areias. Com isso, os depósitos superficiais foram parcialmente removidos e originaram os areais”, explica.

Pampas de foraPor causa dessa diferença, o Ministério do Meio Ambiente, assim como a ONU, não inclui o pampa gaúcho no plano de combate à desertificação que estabeleceu em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em vez disso, o órgão classifica o sudoeste do Rio Grande do Sul como uma área de atenção especial.

“Existem interesses políticos e administrativos em receber aporte internacional para recuperar estes biomas, mas, no caso do pampa, está comprovado que o processo de arenização promoveu um ecossistema particular, de origem antiga, com espécies vegetais e animais adaptadas aos areais", avalia Suertegaray.

"Então, a verba recebida seria destinada a quê? A destruir esse ecossistema particular? Não seria melhor investir na reconstituição das áreas que efetivamente foram erodidas pelas atividades humanas?”, questiona a geógrafa.
Bruna Ventura
Revista Ciência Hoje

Terras secas

A desertificação ameaça um sexto da população brasileira. Dentre suas principais consequências estão a redução da produção agrícola e da biodiversidade, a migração e a pobreza das populações afetadas.
Isabela Fraga
O Nordeste possui mais de 1,1 milhão de quilômetros quadrados suscetíveis à desertificação. Na foto, região do médio Jaguaribe, onde o fenômeno se encontra em estágio avançado. (foto: Arnóbio Cavalcante/ MCT-Insa)
“Doutor, pode ver o que está acontecendo com a minha plantação?”, perguntou um agricultor do município de São Domingos de Cariri, na Paraíba, ao geógrafo Bartolomeu Israel de Souza durante um trabalho de campo no estado.

Souza, pesquisador da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), acompanhou o senhor até seu pequeno cultivo para poder responder à convocação. “Eu molho, molho, mas não adianta!”, reclamou o agricultor, apontando para uma área de terra seca e sem vida.

Souza, então, se ofereceu para recolher uma amostra do solo e verificar, em análise laboratorial, o problema. A questão, no entanto, já lhe era clara: salinização, um dos principais fatores por trás da desertificação.

Desertificação significa a degradação progressiva de terras em ambientes áridos, semiáridos e subúmidos secos (no Brasil, há apenas os dois últimos). O resultado do processo são áreas com nenhuma ou pouca vegetação, erosão acentuada e, muitas vezes, infertilidade.

Em uma região desertificada, irrigar a terra não é suficiente para que se consiga cultivá-laDaí a reclamação do agricultor paraibano: em uma região desertificada, irrigar a terra não é suficiente para que se consiga cultivá-la. Ele e outros pequenos produtores são os principais prejudicados, pois perdem parte importante de sua subsistência.

Sem ter de onde tirar sustento para suas famílias, muitos migram para cidades maiores – dentro do Nordeste ou em outras regiões –, dependendo exclusivamente da ajuda financeira do governo e com pouca ou nenhuma perspectiva de recuperação de sua propriedade.

Dedo humano
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que, ao menos em 100 países, 1 bilhão de pessoas seja ameaçado pelo processo de degradação de terras secas. E 24 milhões delas já sofrem os efeitos do fenômeno – a maior parte na África, continente mais afetado.

No Brasil, moradores de parte do 1,1 milhão de quilômetros quadrados suscetíveis à desertificação já veem todos os dias a imagem do solo seco e rachado sem potencial produtivo. A seriedade do problema levou a ONU a declarar esta a Década para os Desertos e a Luta contra a Desertificação.
Flor de xique-xique, uma das espécies típicas do semiárido ameaçadas pela dsertificação (foto: Bartolomeu Israel de Souza)Engana-se, no entanto, quem pensa que o cenário da desertificação se parece com desertos como o Saara africano ou o Atacama, no Chile. “Esses são biomas equilibrados, resultado de processos naturais que duraram milhares de anos”, explica Souza. “Terras desertificadas, por outro lado, são resultado principalmente da ação humana, em um espaço de tempo muito mais curto, insuficiente para o ambiente se reequilibrar.”

As atividades humanas que podem deflagrar, causar ou acentuar o processo de desertificação são muitas – vão desde o desmatamento, passando pelo pastejo excessivo até formas de irrigação danosas.

Terras desertificadas são resultado principalmente da ação humana, em um espaço de tempo muito mais curtoO fenômeno começou a ser percebido no Brasil na década de 1970, quando foram lançados os primeiros estudos sobre o problema – antes apontado como exclusivamente africano.

Quarenta anos depois, poderia se pensar que já há uma vasta base de dados acerca das regiões mais desertificadas ou que têm maior potencial de desertificação no país – além de inúmeros programas governamentais para dar conta do problema.

A realidade, no entanto, não é bem essa. Há, de fato, cada vez mais pesquisas em universidades nordestinas que buscam analisar melhor o processo. Mas, por necessidade, esses estudos são muito locais e usam parâmetros específicos para designar uma região suscetível à desertificação ou analisar aquelas onde o processo já ocorre – os chamados índices de desertificação.

A pesquisa de Souza, por exemplo, é focada na região do Cariri paraibano – e nem por isso deixa de ser um trabalho hercúleo, com coletas de solo, pesquisas de campo e análises em laboratório. O fato, porém, é que é difícil ter um panorama mais abrangente de como a desertificação tem atingido os estados brasileiros nas últimas décadas. 18/04/2011

Isabela Fraga
Revista Ciência Hoje/RJ

ONU lança década de combate à desertificação em evento no Brasil

20.08.2010
Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Avanço rápido das zonas secas é preocupante
Apesar de toda a informação disponível, governos ainda não conseguem lidar com o avanço das áreas secas. Evento no Brasil discute a problemática e marca o início da Década das Nações Unidas Contra a Desertificação.

Toda a informação disponível na atualidade sobre o processo de desertificação não deixa dúvida: nas últimas décadas, o avanço das pesquisas permitiu um melhor conhecimento da problemática, de suas causas e impactos. Mas ainda falta muito para que todos esses dados se transformem em práticas, se traduzam em técnicas efetivas para amenizar a situação de mais 2 bilhões de pessoas que moram em áreas secas.

Esse foi o ponto de debate da 2º Conferência Internacional: Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (Icid), que encerrou o ciclo de discussão nesta sexta-feira (20/09), em Fortaleza. Acabado o evento, agora tem início a Década das Nações Unidas para os Desertos e Luta Contra a Desertificação 2010/2020.

O avanço da área seca é preocupante em mais de 100 países do globo. A desertificação é um risco presente em 33% da superfície da Terra, em zonas áridas e semiáridas. "É preciso pisar no acelerador. E as recomendações que saem daqui aumentam a pressão sobre os tomadores de decisão", disse à Deutsche Welle Egon Krakhecke, secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do ministério brasileiro do Meio Ambiente.

Receita do ICID

Estudos produzidos por pesquisadores do mundo todo sugerem uma mudança de cenário nada animadora. Se as previsões de aquecimento do planeta em 2 graus se confirmarem, um terço da comida disponível nos dias de hoje não existirá mais.

Segundo dados das Nações Unidas, 12 milhões de hectares por ano se transformam em desertos ao redor do mundo. O problema é causado pela degradação contínua do solo, devido às mudanças climáticas, à exploração agrícola desenfreada e à má gestão dos recursos hídricos.

No Brasil, o desmatamento é o principal fator do avanço das zonas secas. Mesmo a caatinga, bioma exclusivamente brasileiro, já teve quase metade de sua cobertura vegetal desmatada, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente.
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Desertificação ameaça mais de 2 bilhões de pessoas
Egon Krakhecke, no entanto, ressalta que o país avançou no controle do desmatamento e no sistema de monitoramento. Segundo dados oficiais, a área de floresta amazônica desmatada em 2004 era de 27 mil quilômetros quadrados, em 2009 caiu para 7,4 mil quilômetros quadrados. Ainda assim, o desmatamento e a queimada são as maiores fontes brasileiras de emissão de dióxido de carbono, o que coloca o país na quinta posição no ranking mundial.

"O Brasil está fazendo a sua parte para combater o problema, em relação aos compromissos assumidos em Copenhague. Mas esperamos mais dos países ricos", afirmou Krakhecke.

Cenário brasileiro e cooperação

A região semiárida do território brasileiro ocupa os estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, além do Vale do Jequitinhonha, no Norte de Minas Gerais, e parte da região norte do Espírito Santo. É nesse solo que as secas vitimam milhares de pessoas.

O regime de chuvas é irregular, de 400 a 800 milímetros anuais. Os longos períodos de estiagem, que ocorrem de forma cíclica, trazem sérios danos sociais para a população e afetam de forma drástica a economia local.

Apesar de a região semiárida brasileira contar atualmente com mais indústrias, sua economia depende bastante da pecuária extensiva e da agricultura de baixo rendimento. Algumas medidas de convívio com o clima foram implantadas na região, como a instalação de 300 mil cisternas. A água da chuva é acumulada nesses reservatórios e ajuda as famílias a enfrentar até 9 meses de seca.

O programa pode ser exportado para Níger, país africano que tem 77% do território desertificado. O Brasil também coopera com Moçambique em ações de abastecimento de água para a população que vive no campo.

O governo brasileiro anunciou a liberação de 12 milhões de reais em pesquisas para o desenvolvimento da região semiárida. Os projetos devem focar tecnologias para a recuperação de áreas degradadas, além de técnicas do uso sustentável dos seus recursos naturais.

Autora: Nádia Pontes
Revisão: Marcio Damasceno


DW-WORD.DE DEUTSCHE WELLE

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